terça-feira, 30 de julho de 2013

A Bíblia e o álcool


                       
O que a Bíblia diz sobre o álcool? Muitos crentes, especialmente da geração passada, pensam que bebida alcoólica é totalmente proibida em qualquer dose e espécie. Crentes que conviveram desde crianças com parentes alcoólatras podem adquirir um compreensível horror a respeito da bebida e acabam distorcendo as declarações bíblicas para se amoldarem a esse mecanismo de defesa. Já outros crentes vão ao oposto e frequentemente se embriagam, focalizando apenas os argumentos bíblicos permissivos sobre a bebida. Façamos, portanto, uma análise global para elucidar essa questão.

Em primeiro lugar, é claramente errado determinar o álcool como sempre proibido. Permissões para a bebida alcoólica, inclusive na forma de mandamentos, estão por toda a Bíblia. O pastor Doug Wilson, em seu livro “Joy at the end of the tether”, diz que há, no mínimo, cinco usos para o vinho que a Bíblia permite explicitamente:

Religioso. A Lei de Moisés ordena o uso do vinho para certas ofertas (Êxodo 29:40; Levítico 23:13; Números 28:14, etc). Deus estabelecia critérios claros e rígidos quanto a quais elementos deveriam ser ofertados e quais eram proibidos, por serem impuros. O vinho não foi declarado impuro por Deus, ao contrário do porco e dos ratos, por exemplo. O vinho era aceitável a ele. O vinho era também dado junto aos outros alimentos do dízimo (Deuteronômio 14:26) e de outras ofertas dadas aos levitas (18:4). Deus expressamente ordena que os israelitas deem vinho aos levitas. Notar que, além de vinho, Deus diz “e qualquer outra bebida fermentada”, um termo genérico para qualquer bebida alcoólica. A Páscoa era celebrada com vinho e, de todos os alimentos envolvidos nessa cerimônia, Jesus preservou somente o pão e o vinho para a ceia cristã (Marcos 14:23,24; 1Coríntios 11:25,26). Os cristãos receberam a ordem de tomar vinho no sacramento da ceia. Quem acha que tomar bebida alcoólica é sempre um pecado simplesmente profana um sagrado sacramento ordenado por Jesus.

Celebrante: A abundância de vinho é uma bênção prometida por Deus aos israelitas fiéis (Gênesis 27:28; Deuteronômio 7:13; Provérbios 3:10), enquanto a sua escassez é sinal de sua maldição pela desobediência do povo (28:39; Lamentações 2:12). O salmo 104:15 cita o vinho como uma bênção de Deus para alegrar o coração. O rei Melquisedeque levou pão e vinho a Abraão para celebrar a derrota dos inimigos de Sodoma (Gênesis 14:18). Salomão diz para bebermos o vinho com alegria como celebração da vida (Eclesiastes 9:7). O vinho é uma bênção de Deus, e o álcool é dado por ele ao homem para que festeje e celebre a alegria de viver. Para alegrar-se diante de Deus e de sua graça, o vinho é incentivado pelas Escrituras, pois simboliza a própria mão de Deus abençoadora. Então, sim, é perfeitamente possível e legítimo festejar com bebida alcoólica para a glória de Deus. Proibir algo que o próprio Deus prometeu como dádiva de alegria é chamar a sua bênção de maldição. É pisar um presente de alegria que ele concedeu aos homens. É uma afronta contra a sua graça.

Medicinal: Nos tempos bíblicos, a água era frequentemente encontrada contaminada. Para resolver esse problema, as pessoas adicionavam vinho à água, por ser um antisséptico natural. É com essa finalidade que Paulo ordena a Timóteo que beba vinho com água (1Timóteo 5:23). Aparentemente, Timóteo não queria “dar mau testemunho” pela ingestão de vinho, visto que ele estava sendo enviado como presbítero de Éfeso e, portanto, deveria ter, entre as qualificações, “não ser dado ao vinho” (3:3). Porém, por conta disso, ele ficava enfermo frequentemente. Paulo diz que a prioridade é a saúde. Ele deve sim permanecer no costume de purificar a água com um pouco de vinho. Eu conheço uma crente tão fanática que diz que Paulo estava errado em dar essa ordem! Mas, se o apóstolo, em uma escritura inspirada, dá a ordem de usar o vinho para o bem da saúde, é óbvio que esse fim é legítimo. Hoje, ainda existem muitas cidades sem o mínimo de saneamento básico (o Egito inteiro não tem nenhuma estação de tratamento da água, por exemplo). O conselho de Paulo continua sendo sábio. Existem outras aplicações desse princípio. Até várias décadas, o vinho era usado em ferimentos abertos como desinfetante. Descobriu-se recentemente que um copo de vinho por dia faz bem ao coração e ajuda a prevenir infartos. O vinho é um remédio natural dado por Deus.

Simples prazer: Jesus transformou água em vinho no casamento em Caná (João 2). Mas ele não produziu qualquer vinho. Ele fez questão de oferecer o mais saboroso dos vinhos, mais do que o vinho normal que havia acabado. O vinho que Jesus transmutou foi tão admirável que rendeu elogios no fim da festa. O vinho é saboroso. Ele dá prazer ao paladar. Veja Provérbios 31:6,7. A mãe de Lemuel o aconselha a dar vinho como um ato de misericórdia aos infelizes e condenados da terra. Bebendo vinho – não apenas pelo sabor, mas pelo leve estado de alegria que ele induz –, os pobres da terra terão alguns momentos de prazer em sua vida amarga. O argumento falacioso de que “a bebida só oferece um prazer momentâneo” cai aqui, pois Provérbios ensina que esse prazer momentâneo é melhor do que nenhum.

Matar a sede: Quando Jesus estava na cruz, em seus últimos momentos, ele gritou de sede. Alguém, com más intenções, embebeu uma esponja em vinagre – um vinho barato da época – e a levantou até a boca dele por uma vara. Jesus provou o vinagre e morreu. Ainda que o desejo de Jesus fosse água, e não vinho, e que o vinho só foi dado pela maldade de alguém que queria ver Jesus passar mais tempo sofrendo na cruz, o fato é que ele não recusou. Jesus bebeu o vinagre para matar a sede. Se isso fosse um pecado, todo o sofrimento que ele passara até então teria sido em vão, pois ele estaria imperfeito para ser sacrificado a Deus.

Todos esses usos de bebida alcoólica são expressamente permitidos ou ordenados por Deus na Bíblia. É impossível sustentar a crendice de que bebida alcoólica é sempre um pecado. Na verdade, ela não é nem mesmo vista com suspeição. Agora, existe um único uso distorcido dessa bênção, que é proibida pela Bíblia: a embriaguez descontrolada. É nesse sentido que o presbítero não deve ser dado ao vinho (1Timóteo 3:3; Tito 1:17), que o crente não deve se embriagar e dar-se à libertinagem (Efésios 5:18), que o vinho é perigoso por tirar a lucidez (Provérbios 23:30; 21:17; 20:1; 31:4; 23:21). Provérbios 23:29-35 descreve vividamente a sensação de estupor de um bêbado. Ele diz como o bêbado fica tonto, com ilusões e acaba sendo zombado e espancado. E, no fim, o bêbado percebe que não estava consciente quando lhe fizeram mal e acha isso ótimo, desejando a próxima bebida para repetir a sensação. A Bíblia permite e incentiva o uso do álcool até o estado mental de leveza e riso, mas proíbe que isso seja levado ao estado de descontrole e falta de juízo.

Não é difícil entender por que a embriaguez é um pecado. Ela retira qualquer capacidade de domínio próprio. Ela bloqueia o senso moral e permite a vazão dos impulsos da natureza depravada. A embriaguez é uma forma de dizer ao Espírito Santo “Não quero o seu domínio, quero ser deixado por conta própria”. Ela profana o templo de Deus, por expô-lo a tolices e a atos lascivos. Ela impossibilita que o homem vigie contra o pecado. A maneira mais eficiente para o homem se dar aos seus desejos transgressores é bebendo até perder o juízo. É nesse sentido que tantas vezes o pecado desenfreado de uma pessoa ou nação é comparado à embriaguez com vinho (Jeremias 51:7; Sofonias 1:12; Apocalipse 17:2; 14:8, etc). Também é nesse mesmo sentido que Deus diz que a sua ira é como um cálice de vinho dado às nações para beberem (Jeremias 13:13; 25:15; Apocalipse 14:10). Um povo que sofre a ira de Deus fica perdido e desnorteado, como se estivesse embriagado. Porém, esse uso proibido do vinho nada mais é do que uma distorção de uma boa criação de Deus – como qualquer outro pecado. A bebida alcoólica não deve ser vista com mais suspeição do que qualquer outra criação divina, porque qualquer coisa pode ser usada pelo homem de forma pecaminosa.

Como a bebida deve ser tratada hoje pela Igreja? No contexto do respeito mútuo, Paulo diz que o reino de Deus não é comida ou bebida (Romanos 14:17). É óbvio que, pelas circunstâncias atuais e pela dica desse texto, a bebida deve ser colocada no rol de práticas possivelmente alienáveis. Entramos na velha questão do “não escandalizar”. E, mais uma vez, enfatizamos que o “não escandalizar” deve receber uma compreensão imparcial. Escandalizar significa “fazer pecar”, não simplesmente ofender. Romanos 14 e 1Coríntios 8-10 tratam dessa questão. O crente maduro em sua liberdade sabe que pode beber. O imaturo ainda possui resistência. Há duas maneiras de causar o pecado por meio da bebida: induzir (“pressionar”) o imaturo a beber contra a sua própria consciência ou provocar uma divisão na irmandade pela falta de sensibilidade. Dessa forma, um crente maduro não deve tomar bebida na presença de um imaturo. Isso resultaria em uma ofensa desnecessária. Por outro lado, o imaturo também recebe a ordem de não condenar e não olhar de cima para baixo um crente que bebe. Ambos possuem responsabilidades mútuas. E há algo maior, que é a defesa da verdade. O imaturo deve sim ser ensinado que beber não é pecado, que o uso de bebida alcoólica é autorizado pelas Escrituras em circunstâncias determinadas. Saiba que quem resiste a bebidas alcoólicas por razões teológicas está perdendo o desfrute de uma das bênçãos que Deus mais enfatiza na Bíblia. É um ato de amor ser sensível à imaturidade desse irmão, mas é ainda mais amoroso doutrinar esse irmão para que ele receba essa bênção divina. Ele terá mais um motivo para se alegrar e dar graças a Deus. O maduro não deve abandonar o imaturo em sua ignorância.

Por que Jesus ordenou o vinho como símbolo de seu sangue derramado? Por causa de todo o simbolismo que o vinho já possuía nas Escrituras. O vinho é símbolo da ira de Deus, como já vimos, e é também símbolo de alegria e favor dos céus. Tim Keller diz, comentando sobre a parábola do filho pródigo, que nós entramos no banquete do Pai porque Jesus Cristo tomou o cálice da ira para nos dar o cálice da alegria. Seu sangue derramado é sinal da ira de Deus contra o pecado e do amor de Deus pela humanidade. Quando Jesus orou “afasta de mim este cálice”, referia-se justamente à ira de Deus. Porém, ele tomou esse cálice. Para nós, está reservado o banquete celestial, no casamento com o Cordeiro. Após dar a ordem de tomar o vinho na ceia, Jesus disse que beberia do fruto da videira somente quando viesse em seu reino – e conosco (Mateus 26:29)! Esse banquete é o casamento entre Cristo e a Igreja, conforme Apocalipse 19. O vinho é uma bênção escatológica! Na verdade, é uma promessa escatológica. Quando a Igreja se encontrar com Jesus, todos os seus beberão vinho com ele. Ninguém ficará escandalizado, nem dando sermão em Jesus por induzir as pessoas a esse “pecado”.

Isso nos leva a uma conclusão rígida. O crente que condena a bebida de todas as formas e critica quem bebe está blasfemando contra uma promessa de Cristo. Está odiando uma conquista maravilhosa de Jesus para nós, que lhe custou a sua vida. Ora, será que Jesus Cristo realizou a sua obra para dar o vinho novo no Reino de Deus a crentes que odeiam bebida alcoólica? Se alguém pensa que beber é sempre errado, que tomar álcool é um pecado em si, é mais coerente que negue a fé cristã, visto que lança na sarjeta uma caríssima bênção do Cordeiro. Se beber é pecado ou não, isso não é uma questão polêmica. É uma questão para a qual a Bíblia dá ensinos claríssimos. Quem persiste em condenar a bebida não está apenas emitindo uma opinião, está contradizendo a Bíblia e deve ser levada ao arrependimento.

André Duarte


domingo, 28 de julho de 2013

Disney and the gospel

        
        Although there have been posts of mine about specific movies, I wish to draw now some parallels between the whole Disney culture and the message of the gospel. It’s undeniable Disney has greatly influenced the Western culture and printed its concepts on the general sense. Who can look at a juicy apple and not wonder if it’s poisoned? Who doesn’t feel that, if they believe, they can make their dreams come true? Who falls in love and don’t see themselves happily ever after with the enchanted and loved one? Especially for those who go frequently to the Disney parks, there are very clear and persistent messages from the foundations of the company’s productions that are proclaimed to convert the guests (as the clients are called) to its doctrines. Hence, let’s treat about the basic and primary Disney concepts and take notice of the work of God, the Savior, through them.
           
The Damsel in distress. Maybe the very Disney productions’ atom is the endangered princess. It’s interesting to observe, by the way, how bolder and self-acting those princesses have become through the decades. Snow White, Cinderella and Aurora, who are older princesses, really are completely undefended until a prince appears to save them. Jasmine, Ariel, Nala and Belle, who are newer, already show a more rebel spirit against the rules and actively contribute to the victorious ending of the script. Mulan... well, she is Asian, so she doesn’t count. :P. She is the one heroine of the story, but remember she can only be so by taking literally the role of a man; she can do nothing as a woman. Rapunzel, one of the newer princesses, accomplishes almost everything in the story with independence, determination. Nevertheless, every Disney princess end up needing the male hero, the prince, even if only at the last minutes. Giselle, although saves Robert in the end, reveals to be always the girl who yearns to be saved by her prince (including own Robert, when getting close to the end). This state of need, of self-incompleteness, of yearn for covenantal love – for Disney always works love within the context of marriages – is true about God’s people, the church. We, the church, were made not to find meaning apart from the groom, Jesus Christ. We are indeed victims of Satan’s traps, of sin and death, and totally undefended against them. We need a royal Savior. Also notice the princesses are always virgins and pure. In the same way, the church which shall encounter her Savior is pure, without stain or wrinkle (Ephesians 5, Revelations 14:4, etc.). Purity is essential so the church marries her Prince. However, purity comes from the outside, and that’s the next point.

The Prince Charming. In order to pair with Disney princesses, nothing more adequate than the charming princes. The prince is a man of battle, and it is him who gives the final act for the girl’s redemption. Eric killed Ursula, Aladdin trapped Jafar, Simba defeated Scar, Phillip killed Maleficent. The Disney prince is brave, heroic and constantly risks his life to save the princess. We need a Savior like that. Jesus Christ, our perfect Prince Charming, is brave and lovely enough to not only risk his life, but to give it up willingly and consciously to save us from the villain. Ezekiel 16 tells us how God is the Prince Charming who marries his people, which is personified as a woman whom he made pure. Now here we have a crucial difference to emphasize: in Disney, both man and woman are pure. Sometimes, the man is not apparently pure, but is pure in the inside (Aladdin and Eugene are thieves, but “good thieves”), while the woman is always pure. In the gospel, we have the opposite: Jesus Christ is the ultimate pureness and perfection, but the church… is actually a prostitute! We prostituted ourselves with our made-up gods, committing adultery against our Prince. But Jesus Christ creates inside us, by the cleanse of his shed blood, spiritual pureness. He takes care of us and prepares us to be stainless when we meet him in heaven. He is our Prince. Not the boy whom you, girl, chose to worship! Nor can you, man, play the redeemer of your girlfriend. It is the Son of God, who shall come to defeat evil on his white horse, bearing a sword from inside his mouth, the most handsome groom of his church.

True love’s kiss. “It’s the most powerful thing in the world”, Giselle said. Also, for the comfort of traditional families, Disney always pictures the first kiss in the context of a marriage or, at least, with an expectation of a future marriage. Kisses are never shown in a lame way by Disney. The kiss is the guarantee sign of a marriage to come, if it doesn’t happen only at the time of the marriage. It is definitive, something that transforms the relation between the prince and the princess, it divides the relationship in “before” and “after”. Frequently, it awakes ever sleeping princesses, like Snow White and Aurora. Just like so, Christ’s cross and his resurrection are our “true love’s kiss”. Given we have been in an eternal sleep by the power of evil, by sin’s spell and poison, it is necessary our Prince do something to arise us. What Jesus did was give up his life, and then take it back. By the sacrifice of our Prince, we are awaked for only then be irresistibly attracted by his love and able to marry him. Repeating, kiss is the guarantee sign of an assured future marriage. Our marriage with Jesus in heaven, as Revelations 19 tells us, is assured out of the kiss he gave us at the cross. Because we were rescued and captivated by his kiss, we receive the promise of becoming his wife, ruling with him forevermore. So, yes, it is true our Lord’s work at the cross “is the most powerful thing in the world”.

The Fairy Godmother. Many of Disney’s tales show fairies that, by their supernatural power, enable the princess to achieve her goal of reaching the prince. Let’s draw another distinction: in Disney, it is usually the princess who longs so much for her prince, and what he does is a reaction towards her wish. Although I said God’s people yearns for a rescuer, this rescuer is always a distortion of the true one. We never really want God while we are dead in our sins. It is his the plan, the initiative, the beginning and the end of our salvation. Despite this difference, the fairy has yet an interesting role alike the Holy Spirits’ while regenerator. Look: it was the Blue Fairy who gave Pinocchio life and movement – as the Spirit of Christ revives us to start our journey with him. It was the Fairy Godmother who gave Cinderella the robes of a princess and a carriage, as the Holy Spirit makes us holy, wearing us with the New Man nature and leads us to the groom. It was Tinker Bell who cast the pixie dust on the children so they could fly, in the same way the Spirit of God will rise us and take us to the heights, where the holy groom dwells. Only a supernatural power of fairies allows the script to end up in marriage. Only through the supernatural power of the Spirit, we are regenerated and led in spirit and in body unto our Prince.

The poisoned apple. Although this is particular to one movie, Snow White and the Seven Dwarfs, it is one of the most central Disney icons. The poisoned apple is offered by the witch queen, disguised as a poor beggar, in order to “kill” Snow White. What did Satan do to the first woman? In a distinct disguise, he deceptively offered the forbidden fruit, with the same intention. Although we don’t know which was the forbidden fruit, it is interesting to notice how often it is thought as an apple, precisely the same fruit as Snow White’s. What did the queen say to deceive the princess? “Taste it and all your dreams will come true”. What did Satan say? “Taste it, and you will be like God”. Deceived and in disobedience, Eve ate the fruit, just like the Disney princess (for Snow White also disobeyed the dwarfs, who told her not to talk to anyone who tried to enter the house). That fall is the end of the beginning of the Bible, and the end of the beginning of Disney long productions. The fruit was poisoned and the princess falls asleep. But it isn’t possible for this fruit to be permanently lethal. There is an antidote, about which I already spoke. As the kiss given by the prince awakes the poisoned princess, the work of our Prince cancels sin’s deadness.
           
Dreams come true. I think this is the most repeated sentence in Magic Kingdom. The song at the parades have this chorus “Celebrate the dream inside of you, dream that just came true”. The show Dream Along With Mickey teaches us that, if we repeat loud and clear and with much faith “Dreams Come True”, evil is defeated (on the stage, Maleficent flees). The chorus of the main song in this show is “Come join the party where dreams really do come true” (yep, I memorized it after so many trips). And the final song says “Find your dream inside of you”. The second Disney feature Pinocchio (1940) contains the Oscar winner song “When you wish upon a star”, which says, in the end, that... your dream comes true. The great celebration for Cinderella is that “her dream of happiness came true”. Gaston, flirting with Belle, says “this is the day your dreams come true”. This phrase is everywhere! Unfortunately, I think it is also the most led astray from the gospel phrase. It teaches, in all the Disney context, it is up to you to make whatever dream of yours come true. “Anything your heart desires will come to you”, said Jimny Cricket. According to Magic Kingdom, all your dreams may come true if you believe it “very much”. This is the kind of thought that ends up denying God’s sovereignty and proclaiming ourselves as gods of our lives. James said the boast about tomorrow is demoniac.  And what’s “funny” is that a considerable part of Christianity thinks of God exactly like that, like the Gennie of Aladdin, that makes true everything we ask, as long as we ask with “much” faith. Now, let’s redeem the phrase “dreams come true”. I don’t think it is right, as some believers do, we must “dream God’s dreams”, because the omniscient and sovereign God doesn’t dream, he just determines and does. This anthropomorphism is exaggerated. However, if we understand the princess’ only dream is to find her prince, if we understand that this is only possible when a fairy comes to aid, and that it is up to the prince to fight and make this dream come true… then, it’s a whole other matter. Cinderella’s fairy came because she had faith. The truth is, however, the Spirit comes and then he grants us faith. Faith isn’t a man’s deed, it’s a God’s gift. And the true faith is the one who points to the true object, which is Jesus Christ. Aware of all that, knowing our greater dream as a bride is to meet the Prince of Peace, then we can truly declare that dreams come true. For, as Paul says in Romans 5, this hope does not put us to shame.
           
Happily Ever After. Every Disney movie ends with the marriage. Every prince’s and princess’ story is finished with the aim of all the script, which is the covenant, fulfilled. Disney stories aim to the marriage. The centrality in the covenant is biblical – naturally, the right covenant. We can be certain that the aim of all the world history, the object of scatology, the inexorable result of everything, is the marriage of Christ and the church. A marriage with a true happily ever after. In fullness of communion with the Savior, we shall enjoy eternal happiness, for “God will wipe away every tear”. This is the purpose for which the true love’s kiss – yes, the kiss from he who is Love and True – is given at the cross. As the fairy is empathic with the princess, the Spirit and the Bride cry “Come, Lord Jesus”. There is no other happily ever after than with the only Prince Charming, the Son of God, Jesus Christ. The end of all Disney story is like the end of the Bible: “And they lived happily ever after”.


André Duarte.

domingo, 14 de julho de 2013

Disney e evangelho


           Embora já tenha havido posts a respeito de filmes específicos, quero aqui retratar paralelos entre toda a cultura Disney e a mensagem do evangelho. É inegável que a Disney influenciou grandemente a cultura ocidental e imprimiu seus conceitos no imaginário coletivo. Quem pode olhar uma maçã vermelha e suculenta e não pensar se ela está envenenada? Quem não sente que, se você acreditar, pode realizar os seus sonhos? Quem se apaixona que não pensa em viver feliz para sempre com o par encantado? Especialmente para quem vai aos parques Disney, existem mensagens muito claras e insistentes que formam a base das produções dessa empresa, e que procuram converter os convidados (assim são chamados os clientes) às doutrinas dela. Vamos tratar, então, de conceitos fundamentais e primários da Disney e ver a obra de Deus, o Salvador, através delas.
           
The Damsel in distress. Talvez o que haja de mais atômico nas produções Disney seja a princesa que corre perigo. É interessante observar, inclusive, como que, através das décadas, essas princesas têm se tornado cada vez mais autônomas e ousadas. Branca de Neve, Cinderela, Aurora, que são princesas antigas, são realmente completamente indefesas até que um príncipe as salve. Jasmine, Ariel, Nala e Bela já demonstram um espírito mais rebelde contra a cultura e tomam parte ativa no desfecho vitorioso do enredo. Mulan... é asiática, então não conta :P. Ela é a heroína completa da história, mas lembre-se de que ela faz isso assumindo o papel literal de homem; não faz isso como mulher. Rapunzel, uma das princesas mais recentes, faz tudo na história, com independência, determinação. Mesmo assim, todas as princesas Disney acabam precisando do herói masculino, o príncipe, mesmo que seja nos últimos minutos. Giselle, embora salve o Robert no final, demonstra ser sempre a moça que almeja ser conquistada pelo seu príncipe (inclusive, no fim, pelo próprio Robert). O estado de necessidade, de incompletude em si mesma, de anseio pelo amor pactual – pois a Disney sempre trabalha o amor no contexto de casamentos – é verdade a respeito do povo de Deus, a Igreja. Nós, a Igreja, fomos criados para não termos sentido à parte do noivo, Jesus Cristo. Somos sim vítimas dos perigos de Satanás, do pecado e da morte, e completamente indefesos contra eles. Precisamos de um Salvador real. Note também que as princesas são sempre virgens e puras. Da mesma forma, a Igreja que se encontrará com o seu Salvador é pura, sem mácula ou ruga alguma (Efésios 5, Apocalipse 14:4, etc). A pureza é essencial para a Igreja se casar com o seu príncipe. Porém, a pureza dela vem de fora, e esse é o próximo ponto.

The Prince Charming. Para fazer par com as princesas da Disney, nada mais adequado do que os príncipes encantados. O príncipe é batalhador, e é ele quem dá o último ato na redenção final da mulher. Eric matou a Úrsula, Aladdin prendeu o Jafar, Simba derrotou Scar, Felipe matou Malévola. O príncipe da Disney é valente, heroico e frequentemente arrisca a sua vida para salvar a princesa. É de um Salvador como esse que nós precisamos. Jesus Cristo, nosso Príncipe Encantado perfeito, é corajoso e amoroso o suficiente para não apenas arriscar a sua vida, mas entregá-la em total voluntariedade e consciência para nos salvar do vilão. Ezequiel 16 demonstra como Deus é o príncipe encantado que se casa com o seu povo, este personificado como uma mulher que ele tornou pura. Temos, aqui, uma diferença importantíssima a salientar: na Disney, o homem e a mulher são puros. Às vezes, o homem não é puro exteriormente, mas é puro de coração (Aladdin e José Bezerra são ladrões, mas “bonzinhos”), enquanto a mulher é sempre pura. No evangelho, temos o inverso: Jesus Cristo é o máximo da pureza e da perfeição, e a Igreja... é, na verdade, uma prostituta! Nós nos prostituímos com deuses que inventamos, somos adúlteros contra o nosso príncipe. Mas Jesus Cristo efetua em nós, pela limpeza do seu sangue derramado, a purificação espiritual. É ele quem cuida de nós e nos prepara para sermos imaculados quando nos encontrarmos com ele no céu. Ele é o nosso Príncipe. Não é o garoto por quem você escolheu esperar! Tampouco, homem, é você o redentor da sua namorada. É o Filho de Deus, que virá para vencer o mal em seu cavalo branco, portando uma espada em sua boca, o belíssimo noivo de sua Igreja.

True love’s kiss. “It’s the most powerful thing in the world”, Giselle disse. Também, para a alegria das famílias de boa tradição, a Disney sempre retrata o primeiro beijo no contexto de um casamento ou, pelo menos, de um princípio de noivado. O beijo nunca é banalizado na Disney. Ele é o sinal garantido de que haverá um casamento, se não ocorre somente no casamento. Ele é algo definitivo, que transforma a relação entre o príncipe e a princesa, é um divisor de águas. Frequentemente, ele desperta princesas adormecidas, como a Branca de Neve e a Aurora. Da mesma forma, a cruz de Cristo e sua ressurreição são o nosso “beijo de amor verdadeiro”. Estando nós adormecidos eternamente pelo poder do mal, pelo veneno e pelo feitiço do pecado, é necessário que o nosso príncipe faça algo para nos ressuscitar. O que Jesus Cristo fez foi dar a sua vida e tomá-la de volta. Pelo sacrifício do nosso príncipe, somos despertados para, somente então, sermos cativados por seu amor e aptos para nos casarmos com ele. Repetindo, o beijo é a garantia de que haverá casamento. Nosso casamento com Jesus Cristo, no céu, como Apocalipse 19 nos diz, é garantido pelo beijo que ele nos deu na cruz. Por termos sido resgatados e cativados pelo seu beijo, recebemos a promessa de nos tornarmos sua esposa, reinando com ele para sempre. Então, sim, é verdade que a obra do nosso Senhor na cruz “is the most powerful thing in the world”.

The Fairy Godmother. Muitos contos Disney mostram fadas que, pelo seu poder sobrenatural, capacitam a princesa para atingir o seu objetivo de conquistar o príncipe. Vamos fazer aqui outra distinção: geralmente, na Disney, é a princesa que quer muito encontrar o seu príncipe, e cabe a ele reagir para isso. Embora eu tenha dito que o povo de Deus anseia por um resgatador, esse resgatador é sempre uma distorção do verdadeiro. Nós nunca realmente desejamos Deus enquanto estamos mortos em nossos pecados. É dele o plano, a iniciativa, o princípio e o fim da nossa salvação. Apesar dessa diferença, ainda assim a fada tem um paralelo interessante com o Espírito Santo enquanto regenerador. Veja: foi a Fada Azul quem capacitou Pinóquio a tornar-se vivo e atuante – como o Espírito de Cristo nos reaviva para iniciarmos nossa jornada com ele. Foi a Fada Madrinha quem deu à Cinderela vestes de princesa e uma carruagem, assim como o Espírito Santo nos santifica e nos conduz ao noivo. Foi a Sininho quem lançou o pó mágico para as crianças voarem, da mesma forma que o Espírito de Deus nos ressuscitará e nos levará às alturas, onde o santo noivo habita. Apenas um poder sobrenatural das fadas permite que o enredo termine em casamento. Apenas pelo poder sobrenatural do Espírito, somos regenerados e conduzidos em espírito e em corpo até o nosso Príncipe.

The poisoned apple. Embora seja uma particularidade de um único filme, Branca de Neve e os Sete Anões, é um dos mais fortes ícones da ideia Disney. A maçã envenenada é oferecida pela rainha bruxa, disfarçada de mendiga, para que Branca de Neve “morra”. O que Satanás fez à primeira mulher? Em roupagem diversa, de serpente, oferece enganosamente o fruto proibido pela mesma intenção. Embora não saibamos qual era o fruto proibido, é interessante observamos que ele costuma ser pensado como uma maçã, que é justamente o fruto da Branca de Neve. O que a rainha diz para enganar a princesa? “É só prová-la e todos os seus sonhos se realizarão”. O que Satanás diz? “É só provar, e você será como Deus”. Em engano e desobediência, Eva comeu do fruto, como a princesa Disney (pois os anões também haviam ordenado que Branca de Neve não falasse com ninguém que viesse à casa). O fruto era envenenado, e a princesa adormece. Porém, não é possível que esse fruto seja perpetuamente letal. Há um antídoto, e disso nós já falamos. Como o beijo do príncipe reaviva a princesa envenenada, a obra do nosso Príncipe anula a mortandade do pecado.
           
Dreams come true. Acho que essa é a frase mais repetida no Magic Kingdom. A música tema das paradas tem isto como refrão “Celebrate the dream inside of you, dream that just came true”. O show Dream Along With Mickey ensina que, se repetirmos bem alto e com muita fé que “Dreams Come True”, o mal é derrotado (no caso, a Malévola foge). E o fim da última música diz “Find your dream inside of you”. O segundo longa-metragem da Disney, Pinóquio (1940), tem como música vencedora do Óscar “When you wish upon a star”, a qual diz, no final, que... your dream comes true. A grande celebração para Cinderela é que “o seu sonho de felicidade se realizou”. Gaston, ao cantar a Bela, diz “hoje é o dia de realizar o seu sonho”. Esse termo está em toda parte! Infelizmente, penso eu que esse é também o termo mais desviado do evangelho. Ele ensina, em todo o contexto Disney, que a realização desse sonho depende de você. “É só você pedir e a estrela transformar”. De acordo com o Magic Kingdom, todos os seus sonhos podem se realizar se você acreditar “muito”. Esse tipo de pensamento acaba por negar a soberania de Deus e nos proclamar como deuses de nossa vida. Tiago diz que a vanglória sobre o dia de amanhã é demoníaca. E o “engraçado” é que boa parte da cristandade vê Deus exatamente assim, como o gênio da lâmpada do Aladdin, que realiza tudo o que nós pedimos, desde que tenhamos “muita fé”. Agora, vamos redimir o termo “dreams come true”. Não acho correto, como certos crentes dizem, que “você tem de sonhar os sonhos de Deus”, porque o Deus onisciente e soberano não sonha, ele simplesmente determina e faz. O antropomorfismo é exagerado. Porém, entendendo que o sonho da princesa é encontrar o seu príncipe, entendendo que isso só é possível quando uma fada a ajuda, e que depende do príncipe lutar e vencer a realização desse sonho... aí a coisa muda de figura. A fada da Cinderela veio porque ela teve fé. A realidade, porém, é que o Espírito vem e então ele nos concede fé. Fé não é obra humana, mas é dádiva de Deus. E a fé verdadeira é aquela que tem um alvo verdadeiro, que é Jesus Cristo. Tendo isso em mente, sabendo que o maior sonho nosso, como noiva, é encontrar o Príncipe da Paz, então aí sim podemos declarar que Dreams Come True. Pois, como Paulo diz em Romanos 5, “a esperança não nos decepciona”.
           
Happily Ever After. Todo filme Disney termina com o casamento. Toda história de príncipe e princesa encerra com o fim de todo o enredo, a aliança, realizado. As histórias Disney visam ao casamento. Essa fixação pelo pacto é algo bíblico – naturalmente, o pacto correto. Podemos ter a certeza de que o fim de toda a história do mundo, aquilo de que trata a escatologia, o resultado inexorável de todas as coisas, é o casamento entre Jesus e a Igreja. Um casamento onde verdadeiramente existe um felizes para sempre. Na plena comunhão com o Salvador, gozaremos de felicidade eterna, pois “Deus enxugará toda lágrima de seus olhos”. É para esse fim que o beijo do amor verdadeiro – sim, o beijo daquele que é Amor e é Verdadeiro – é dado na cruz. Como a fada é empática com a princesa, o Espírito e a noiva dizem “Vem, Senhor Jesus”. Não há feliz para sempre senão com o único Príncipe Encantado, o Filho de Deus, Jesus Cristo. O encerramento de toda história Disney é como o encerramento da Bíblia: “E viveram felizes para sempre”.

(E tem gente ignorante o suficiente pra dizer que Disney é do demônio...)


André Duarte.