terça-feira, 14 de maio de 2013

Apologética e alguns argumentos



            Olá, pessoal. Vamos passar agora a um tema importantíssimo para a exposição da fé cristã diante do mundo: a apologética, isto é, a defesa da fé. Esse tema tem sua relevância derivada de uma promessa que Jesus nos fez: que seríamos perseguidos pelo mundo. Quando isso começou a acontecer de forma mais generalizada, em nível político, Pedro nos disse que deveríamos estar prontos para dar a razão de nossa fé para quem perguntasse. Referia-se à inquisição diante das autoridades romanas, mas aplica-se a qualquer situação em que mundanos comecem a acusar a fé cristã de ser estúpida, irracional e infantil. O filósofo pagão Celso muito ridicularizou o cristianismo, e o bispo Orígenes, extremamente erudito, foi quem rechaçou os argumentos de Celso com inteligência e sentido. E foi a apologética, em muitos aspectos, que serviu de instrumento divino para atrair ao evangelho pessoas mais cultas.

      Como está a apologética hoje em dia? Bem, hoje temos muitos argumentos que defendem a razoabilidade da fé que antigamente não tínhamos. Além de descobertas científicas e arqueológicas, contamos com uma grande historicidade que nos apoia quando pensamos em cristãos de mente brilhante que já escreveram em defesa do evangelho. Por outro lado, há cada vez menos pessoas dispostas a usar essas ferramentas. Por causa da banalização dos estudos cristãos e da valorização dos sentimentos como meios mais eficazes para a aquisição da verdade de Deus, temos uma grande massa de cristãos que rejeita a apologética sem nem conhecê-la. Pensam que evangelho é fé cega, que a espiritualidade é oposta ao racionalismo, que argumentos racionais e lógicos minam a essência divina da Palavra, que a erudição é perigosa por induzir à apostasia... São preconceitos sem fundamento nenhum. Talvez, por perceberem que os opositores à fé são “intelectuais”, querem reforçar que o evangelho não pode se assemelhar a eles. Bem, ocorre que ignorar a racionalidade para manter-se apenas no intuitivo é também destruidor. Inclusive, ignorar a investigação e o estudo é contrário à Palavra de Deus. Os profetas, tentando levar o povo a perceberem a obviedade de seus desvios, dão várias ordens como “Pensem”, “reflitam”, “investiguem”, mas nunca um “sintam”. Conformar-se com a própria intuição e com o aprendizado restrito é uma forma de idolatria ao próprio conforto, uma esquiva de ser desafiado quanto a possíveis erros. É mais fácil acomodar-se com os conhecimentos já adquiridos e não abrir a mente para outros, porque assim você nunca terá de enfrentar os seus erros.

       É claro que existe uma possibilidade para o extremismo na apologética. Deve ficar claro que apologética não é evangelismo. Os “haters” têm razão em dizer que o Espírito é quem convence o coração para crer, e não argumentos racionais. É tolice pensar que a probabilidade da conversão depende da profundidade e do número de argumentos que defendem a fé. Por isso, é necessário entender que apologética serve para dar razoabilidade, e não uma certeza de 100% (pleonasmo, sim, para enfatizar) de que o evangelho é verdadeiro. Entretanto, isso não significa que a apologética é inútil. Ora, se tudo o que não convence for inútil, não existe nada na vida cristã a não ser a existência do Espírito; nem a pregação da Palavra seria válida. A apologética é uma ferramenta dada por Deus, graciosamente, para nos induzir a crer nele de forma inabalável, para que nenhuma sabedoria mundana possa derrubar a Igreja e as Escrituras.

          Existem centenas de argumentos e incontáveis fontes do conhecimento laico para servir à apologética. Sendo assim, quero apenas citar alguns desses argumentos, para exemplificar por que o evangelho é único no mundo. Os mundanos gostam de pensar no cristianismo como se fosse só mais uma religião do mundo, sem perceber diferenças óbvias e gritantes entre o evangelho e todo o resto. Não sou especialista em apologética, há muita coisa de que não sei. Mas, aí vão algumas coisas que você pode dizer ao descrente quando ele questionar a sua fé.

            Pense, por exemplo, na publicidade da doutrina. Perceba que, na Bíblia, tudo aquilo que é feito por Deus ou por seus ministros é público, para todo mundo ver. Quando um descrente perguntar “por que a sua religião é a certa e as outras são erradas?”, diga que a religião cristã é a única testemunhada por centenas, milhares de pessoas. Maomé teve um encontro pessoal com um anjo, e depois foi proclamar a mensagem pro povo. Joseph Smith teve um sonho com um anjo e resolveu basear suas doutrinas no que ele descobriu sozinho. Qualquer religião começou com uma ideia particular, um encontro pessoal ou um anjo – nada que um público pudesse comprovar. Jesus, no entanto, fez milagres à vista de todos, morreu publicamente e ressuscitou publicamente. Paulo diz que Jesus apareceu várias vezes aos discípulos e, certa vez, apareceu a mais de 500 deles. Não é possível que tenha havido um delírio coletivo de milhares de pessoas. Os milagres no Antigo Testamento foram semelhantes: Deus fez maravilhas ao povo de Israel todo. Nunca foi para apenas uma ou duas pessoas. O cristianismo surgiu de uma forma simples como qualquer outro acontecimento real: Jesus fez tudo para todo mundo ver, e todos os que viram saíram contando para mais pessoas. E nisso o cristianismo é único. A fé cristã é baseada em testemunho público, não em inspiração pessoal.

            Note também que o evangelho é a única religião em que a salvação é dada pelos méritos de outra pessoa, e não nos próprios. Em todas as outras religiões, você é salvo se você for bom, conforme os credos e as ordens delas. Você precisa provar a Deus, ou aos deuses, ou à sociedade que você é bom, pela sua própria performance. De outro lado, existem as religiões totalmente relativistas, que admitem qualquer coisa que faça de você uma pessoa “melhor”, que dizem que qualquer caminho leva a Deus, que Deus salvará todo mundo no final, ou coisas do tipo. O evangelho, no entanto, é a única religião em que justiça e amor são perfeitamente combinados. Apenas no evangelho é necessário que você seja justificado e que essa justiça venha de fora, e não de você mesmo. O Deus do evangelho é tão amoroso que se dispôs a pagar pessoalmente o preço da sua salvação – não foi um amor bobo e relativista que não exigiu nada de Deus. Também ele é tão justo e santo que não se satisfez com qualquer vida moral dos homens, mas somente com a perfeição de Jesus Cristo. O Deus do evangelho é, ao mesmo tempo, mas amoroso e santo do que todas as outras invenções humanas, e a justificação pela fé é um raciocínio completamente contrário à inventividade humana. É o ponto em que a criatividade humana para. Tal doutrina só pode ter sido revelada, nunca criada.
           
Até aqui, foram argumentos internos, da própria Bíblia. Quero colocar mais um que tem a ver com a área de arqueologia. Trata-se dos manuscritos da Bíblia. Desde o século XVIII, a Bíblia tem sido criticada por liberais devido aos manuscritos muito recentes que existiam, especialmente do Antigo Testamento. O texto mais antigo do AT que se tinha era o Texto Massorético, datado do ano 1008 d.C. Veja, mais de 1400 anos após os originais. Por isso, havia muita discussão, muita relativização. Começaram a dizer que as histórias eram todas inventadas pelos judeus, que Davi e Salomão não existiram mesmo, e todo tipo de loucura. Aparentemente, ninguém havia notado que o manuscrito mais antigo de Platão era também medieval e continua sendo; isso ainda passa sem crítica. Entretanto, uma grandiosa descoberta mudou todo esse quadro. Em 1947, um pastor beduíno, por acidente, descobriu uma caverna, quando estava cuidando de sua ovelha no deserto ao sul de Israel, perto do Mar Morto. Nessa caverna, havia inúmeros vasos cheios de manuscritos. Os arqueólogos começaram a investigar e descobriram diversas cavernas, que eram as habitações dos judeus essênios na época do Império Romano. E, dentre muitos manuscritos, estavam vários do Antigo Testamento. A maioria destes é de cerca de 200 ou 100 anos antes de Cristo. O mais antigo é um fragmento de Êxodo datado de oito séculos antes de Cristo. E o melhor de tudo: estão praticamente idênticos ao Texto Massorético! Ou seja, por séculos e séculos de cópias, o texto bíblico estava intacto. A preservação é surpreendente e provou que, de fato, a fidelidade dos copistas aos textos era séria. Quanto ao Novo Testamento, a preservação é igualmente magnífica. Não há nenhuma escritura antiga que esteja tão bem preservada quanto os textos bíblicos. O evangelho de João tem uma cópia do ano 130 d.C.. É muito aproximado do original. Os textos bíblicos ganham – e ganham longe! – de todos os textos antigos em número de cópias, proximidade das cópias aos originais e exatidão entre as cópias. Os desinformados gostam de achar que a Igreja Católica mudou a Bíblia na Idade Média. Totalmente falso. A preservação da Bíblia não tem par e pode ser considerada um milagre.
           
Esses foram apenas alguns exemplos de argumentos apologéticos. Existem inúmeros outros. Os cristãos devem sim buscar os fatos que defendam a fé. Devem saber pensar filosoficamente e logicamente, devem tomar ciência dos conhecimentos laicos, devem estudar e pesquisar. Isso não apenas ajuda o evangelho a ser respeitado, mas guarda os próprios crentes de caírem na lábia de mundanos pretensamente sábios.

            André Duarte

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