Olá, pessoal. Vamos passar agora
a um tema importantíssimo para a exposição da fé cristã diante do mundo: a
apologética, isto é, a defesa da fé. Esse tema tem sua relevância derivada de
uma promessa que Jesus nos fez: que seríamos perseguidos pelo mundo. Quando
isso começou a acontecer de forma mais generalizada, em nível político, Pedro
nos disse que deveríamos estar prontos para dar a razão de nossa fé para quem
perguntasse. Referia-se à inquisição diante das autoridades romanas, mas
aplica-se a qualquer situação em que mundanos comecem a acusar a fé cristã de
ser estúpida, irracional e infantil. O filósofo pagão Celso muito ridicularizou
o cristianismo, e o bispo Orígenes, extremamente erudito, foi quem rechaçou os
argumentos de Celso com inteligência e sentido. E foi a apologética, em muitos
aspectos, que serviu de instrumento divino para atrair ao evangelho pessoas
mais cultas.
Como
está a apologética hoje em dia? Bem, hoje temos muitos argumentos que defendem
a razoabilidade da fé que antigamente não tínhamos. Além de descobertas
científicas e arqueológicas, contamos com uma grande historicidade que nos
apoia quando pensamos em cristãos de mente brilhante que já escreveram em
defesa do evangelho. Por outro lado, há cada vez menos pessoas dispostas a usar
essas ferramentas. Por causa da banalização dos estudos cristãos e da
valorização dos sentimentos como meios mais eficazes para a aquisição da
verdade de Deus, temos uma grande massa de cristãos que rejeita a apologética
sem nem conhecê-la. Pensam que evangelho é fé cega, que a espiritualidade é
oposta ao racionalismo, que argumentos racionais e lógicos minam a essência divina
da Palavra, que a erudição é perigosa por induzir à apostasia... São
preconceitos sem fundamento nenhum. Talvez, por perceberem que os opositores à
fé são “intelectuais”, querem reforçar que o evangelho não pode se assemelhar a
eles. Bem, ocorre que ignorar a racionalidade para manter-se apenas no
intuitivo é também destruidor. Inclusive, ignorar a investigação e o estudo é
contrário à Palavra de Deus. Os profetas, tentando levar o povo a perceberem a
obviedade de seus desvios, dão várias ordens como “Pensem”, “reflitam”, “investiguem”,
mas nunca um “sintam”. Conformar-se com a própria intuição e com o aprendizado
restrito é uma forma de idolatria ao próprio conforto, uma esquiva de ser
desafiado quanto a possíveis erros. É mais fácil acomodar-se com os
conhecimentos já adquiridos e não abrir a mente para outros, porque assim você
nunca terá de enfrentar os seus erros.
É
claro que existe uma possibilidade para o extremismo na apologética. Deve ficar
claro que apologética não é evangelismo. Os “haters” têm razão em dizer que o
Espírito é quem convence o coração para crer, e não argumentos racionais. É
tolice pensar que a probabilidade da conversão depende da profundidade e do
número de argumentos que defendem a fé. Por isso, é necessário entender que
apologética serve para dar razoabilidade,
e não uma certeza de 100% (pleonasmo, sim, para enfatizar) de que o evangelho é
verdadeiro. Entretanto, isso não significa que a apologética é inútil. Ora, se
tudo o que não convence for inútil, não existe nada na vida cristã a não ser a
existência do Espírito; nem a pregação da Palavra seria válida. A apologética é
uma ferramenta dada por Deus, graciosamente, para nos induzir a crer nele de
forma inabalável, para que nenhuma sabedoria mundana possa derrubar a Igreja e
as Escrituras.
Existem
centenas de argumentos e incontáveis fontes do conhecimento laico para servir à
apologética. Sendo assim, quero apenas citar alguns desses argumentos, para
exemplificar por que o evangelho é único no mundo. Os mundanos gostam de pensar
no cristianismo como se fosse só mais uma religião do mundo, sem perceber
diferenças óbvias e gritantes entre o evangelho e todo o resto. Não sou
especialista em apologética, há muita coisa de que não sei. Mas, aí vão algumas
coisas que você pode dizer ao descrente quando ele questionar a sua fé.
Pense,
por exemplo, na publicidade da doutrina. Perceba que, na Bíblia, tudo aquilo
que é feito por Deus ou por seus ministros é público, para todo mundo ver. Quando
um descrente perguntar “por que a sua religião é a certa e as outras são
erradas?”, diga que a religião cristã é a única testemunhada por centenas,
milhares de pessoas. Maomé teve um encontro pessoal com um anjo, e depois foi
proclamar a mensagem pro povo. Joseph Smith teve um sonho com um anjo e
resolveu basear suas doutrinas no que ele descobriu sozinho. Qualquer religião
começou com uma ideia particular, um encontro pessoal ou um anjo – nada que um
público pudesse comprovar. Jesus, no entanto, fez milagres à vista de todos,
morreu publicamente e ressuscitou publicamente. Paulo diz que Jesus apareceu
várias vezes aos discípulos e, certa vez, apareceu a mais de 500 deles. Não é
possível que tenha havido um delírio coletivo de milhares de pessoas. Os
milagres no Antigo Testamento foram semelhantes: Deus fez maravilhas ao povo de
Israel todo. Nunca foi para apenas uma ou duas pessoas. O cristianismo surgiu
de uma forma simples como qualquer outro acontecimento real: Jesus fez tudo
para todo mundo ver, e todos os que viram saíram contando para mais pessoas. E
nisso o cristianismo é único. A fé cristã é baseada em testemunho público, não
em inspiração pessoal.
Note
também que o evangelho é a única religião em que a salvação é dada pelos
méritos de outra pessoa, e não nos próprios. Em todas as outras religiões, você
é salvo se você for bom, conforme os credos e as ordens delas. Você precisa
provar a Deus, ou aos deuses, ou à sociedade que você é bom, pela sua própria
performance. De outro lado, existem as religiões totalmente relativistas, que
admitem qualquer coisa que faça de você uma pessoa “melhor”, que dizem que
qualquer caminho leva a Deus, que Deus salvará todo mundo no final, ou coisas
do tipo. O evangelho, no entanto, é a única religião em que justiça e amor são
perfeitamente combinados. Apenas no evangelho é necessário que você seja
justificado e que essa justiça venha de fora, e não de você mesmo. O Deus do
evangelho é tão amoroso que se dispôs a pagar pessoalmente o preço da sua
salvação – não foi um amor bobo e relativista que não exigiu nada de Deus.
Também ele é tão justo e santo que não se satisfez com qualquer vida moral dos
homens, mas somente com a perfeição de Jesus Cristo. O Deus do evangelho é, ao
mesmo tempo, mas amoroso e santo do que todas as outras invenções humanas, e a
justificação pela fé é um raciocínio completamente contrário à inventividade
humana. É o ponto em que a criatividade humana para. Tal doutrina só pode ter
sido revelada, nunca criada.
Até aqui, foram
argumentos internos, da própria Bíblia. Quero colocar mais um que tem a ver com
a área de arqueologia. Trata-se dos manuscritos da Bíblia. Desde o século
XVIII, a Bíblia tem sido criticada por liberais devido aos manuscritos muito
recentes que existiam, especialmente do Antigo Testamento. O texto mais antigo do
AT que se tinha era o Texto Massorético, datado do ano 1008 d.C. Veja, mais de
1400 anos após os originais. Por isso, havia muita discussão, muita
relativização. Começaram a dizer que as histórias eram todas inventadas pelos
judeus, que Davi e Salomão não existiram mesmo, e todo tipo de loucura.
Aparentemente, ninguém havia notado que o manuscrito mais antigo de Platão era
também medieval e continua sendo; isso ainda passa sem crítica. Entretanto, uma
grandiosa descoberta mudou todo esse quadro. Em 1947, um pastor beduíno, por
acidente, descobriu uma caverna, quando estava cuidando de sua ovelha no
deserto ao sul de Israel, perto do Mar Morto. Nessa caverna, havia inúmeros
vasos cheios de manuscritos. Os arqueólogos começaram a investigar e
descobriram diversas cavernas, que eram as habitações dos judeus essênios na
época do Império Romano. E, dentre muitos manuscritos, estavam vários do Antigo
Testamento. A maioria destes é de cerca de 200 ou 100 anos antes de Cristo. O
mais antigo é um fragmento de Êxodo datado de oito séculos antes de Cristo. E o
melhor de tudo: estão praticamente idênticos ao Texto Massorético! Ou seja, por
séculos e séculos de cópias, o texto bíblico estava intacto. A preservação é
surpreendente e provou que, de fato, a fidelidade dos copistas aos textos era
séria. Quanto ao Novo Testamento, a preservação é igualmente magnífica. Não há
nenhuma escritura antiga que esteja tão bem preservada quanto os textos
bíblicos. O evangelho de João tem uma cópia do ano 130 d.C.. É muito aproximado
do original. Os textos bíblicos ganham – e ganham longe! – de todos os textos
antigos em número de cópias, proximidade das cópias aos originais e exatidão
entre as cópias. Os desinformados gostam de achar que a Igreja Católica mudou a
Bíblia na Idade Média. Totalmente falso. A preservação da Bíblia não tem par e
pode ser considerada um milagre.
Esses foram
apenas alguns exemplos de argumentos apologéticos. Existem inúmeros outros. Os
cristãos devem sim buscar os fatos que defendam a fé. Devem saber pensar
filosoficamente e logicamente, devem tomar ciência dos conhecimentos laicos,
devem estudar e pesquisar. Isso não apenas ajuda o evangelho a ser respeitado,
mas guarda os próprios crentes de caírem na lábia de mundanos pretensamente
sábios.
André
Duarte
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