Saudações aos leitores. Este é o
primeiro estudo que eu coloco aqui no santíssimo blog Resenha de Deus.
O texto principal é a da famosa
conversa de Jesus com o tal jovem rico. Todos conhecem a história, mas eu nunca
vi uma explicação satisfatória para as falas de Jesus. Sempre eu vejo as
pessoas aplicando esse texto somente com relação ao dinheiro. Aí começam
discussões sobre se é necessário vender tudo para seguir Jesus, se ficar rico é
arriscar a salvação, e blá blá blá. A verdade é que o que está em jogo aqui não
tem nada a ver com dinheiro, e sim com uma fé sem ídolos.
Em primeiro lugar, o rico
pergunta o que ele deve fazer de bom para ter a vida eterna ou, dependendo do
evangelho, ele chama Jesus de bom mestre. Desde o começo, fica claro que o rico
tem arraigado no seu coração o que todos nós temos: um paradigma subjetivo de
certo ou errado. Para o rico, Jesus, por ser aparentemente tão certinho e
cativante, poderia ser facilmente reconhecido como uma boa pessoa, assim como
as obras de justiça do rico também poderiam ser consideradas boas ações. Jesus
responde-lhe que ele não deve julgar nada como bom: somente Deus é bom. Jesus
não se nega como bom, mas repreende o conceito que o homem tem do que é bom. O
conceito bíblico é: somente Deus é bom; o resto nem se compara.
Depois, Jesus responde o que a
Lei de Moisés diz: “se obedecer a esses mandamentos, esta será a sua justiça”.
Jesus não defende a justificação pela Lei, mas está, como de praxe, dando
margem para que o seu interlocutor possa pensar. O rico olha para a sua própria
vida e diz “Sempre obedeci a esses mandamentos”. Todas as pessoas obedecem a
uma parte da Lei de Deus. A parte a que elas escolhem obedecer depende do que
lhes convém para sentirem-se justas. Entretanto, obedecer a alguns mandamentos
não é “bom”. A religião cristã é a única em que ninguém é salvo por estar
segurando uma balança que pende mais para o bem do que para o mal, e sim por
estar segurando a balança de Cristo, que fez somente o bem e nunca o mal.
Jesus então aponta o ídolo no
coração do rico: as suas riquezas. O rico obedecia a alguns mandamentos, mas
falhou em obedecer ao mais importante: amar Deus acima de todas as coisas. O
dinheiro era o deus desse homem. Diante da escolha entre Jesus e as riquezas,
ele escolheu as riquezas. A explicação de Jesus aos discípulos é que é
praticamente impossível para um rico entrar no Reino dos céus. Ninguém precisa
ficar imaginando quão difícil é um camelo passar pelo fundo de uma agulha; o
ponto de Jesus não é esse. Ele estava declarando que, para um rico, que
facilmente admite o dinheiro como o seu deus, é simplesmente impossível ser
salvo. Isso não vale apenas para o rico, mas para qualquer pessoa que tenha um
ídolo em seu coração, o que inclui simplesmente toda a humanidade.
Por isso, os discípulos ficaram
tão pasmos e perguntaram pra Jesus “Se é assim tão difícil, quem pode ser
salvo?”. Jesus lhes responde a conclusão esperançosa da maiêutica que fez aos
ouvintes: “Para o homem, é impossível ser salvo. Mas, para Deus, tudo é
possível”. Nenhum humano pode, através de seus esforços morais, ser salvo, pois
sempre haverá um ídolo em seu coração. A salvação é uma dádiva de Deus, que não
apenas justifica pecadores, mas os capacita a servirem de todo o coração ao
verdadeiro Senhor.
Vamos comparar agora esse rico
com Abraão. Ora, Abraão tinha uma esposa estéril. A grande vontade do seu
coração era ter um filho. Quando Deus lhe promete um filho, Abraão crê em Deus,
e essa fé o justifica. Entretanto, Tiago esclarece que não foi simplesmente por
Abraão ter uma crença intelectual, ou retórica, mas porque a fé dele
transformou o seu coração. Ao oferecer Isaque como sacrifício, Abraão prova
pela sua obediência que ele tinha a verdadeira fé em Deus, despojada de ídolos.
Deus sabe que aquilo que Abraão mais amava era o seu filho Isaque, gerado por
sua esposa, e que veio após mais de uma década desde a promessa. E Deus faz
questão de tocar no que poderia ser a ferida, pois ele diz: “Pegue o seu filho,
o seu único filho, a quem você tanto ama, e sacrifique-o para mim”. Isaque
seria para Abraão o que o dinheiro era para o rico da história de Jesus. Porém,
Abraão fez aquilo que o rico deveria ter feito: servir a Deus em primeiro
lugar, e não ao seu objeto de amor na terra. Por ter provado que amava Deus
mais do que seu filho, foi então Abraão justificado, isto é, a sua fé foi
ratificada pela sua obra.
E é essa mesma fé abraâmica que
os cristãos são chamados a ter. É por essa fé que nós somos salvos. Paulo diz
aos romanos e aos gálatas que aqueles que têm a fé abraâmica pertencem à
aliança salvadora prometida a Abraão. Jesus mesmo diz em várias ocasiões “Quem
quiser me seguir, deve carregar a sua cruz”, “Quem ama os pais, o cônjuge ou os
filhos mais que a mim não pode ser meu seguidor”, “Quem põe a mão no arado e
olha para trás não pode entrar no Reino dos céus”. Ninguém precisa se livrar da
família ou de seus bens para ser salvo, mas sim matá-los como ídolos no
coração. Somente assim o apego a Deus será verdadeiro, e o apego a todo o resto
desaparecerá.
Jesus, em sua grande
misericórdia, tornou-se algo material e terreno. Jesus tornou-se perceptível
aos sentidos para resgatar a nós, humanos, que temos a fé tão pequena. Tendemos
a crer e amar aquilo que podemos provar em nossos sentidos e rejeitar o Deus
invisível, imortal, sem forma, sem imagens representativas. Jesus Cristo
tornou-se material para que todos pudessem vê-lo, ouvi-lo, tocá-lo, assistir à sua morte e testemunhar o seu corpo ressurreto. Essa foi a
grande evidência que permeava as pregações evangelísticas nos tempos bíblicos.
Por causa desse ato de humilhação do soberano Deus em assumir a forma física de
humano, podemos verdadeiramente nos apegar a ele com todo o nosso ser e
servi-lo com a fé abraâmica, a fé sem ídolos.
André Duarte
Mt bom!!! Sempre é bom lembrar essas coisas todo o dia...pq a nossa carne parece que ouve em um dia e já esquece no outro...
ResponderExcluirEspero mais reflexões puras e simples como essas
xD
Abração people
Lukas
Esse menino escreve muito bem. Com uma clareza celestial. Agradeça a Deus pelo seu lindo dom da palavra.
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