quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Fé sem Ìdolos


Saudações aos leitores. Este é o primeiro estudo que eu coloco aqui no santíssimo blog Resenha de Deus.

O texto principal é a da famosa conversa de Jesus com o tal jovem rico. Todos conhecem a história, mas eu nunca vi uma explicação satisfatória para as falas de Jesus. Sempre eu vejo as pessoas aplicando esse texto somente com relação ao dinheiro. Aí começam discussões sobre se é necessário vender tudo para seguir Jesus, se ficar rico é arriscar a salvação, e blá blá blá. A verdade é que o que está em jogo aqui não tem nada a ver com dinheiro, e sim com uma fé sem ídolos.

Em primeiro lugar, o rico pergunta o que ele deve fazer de bom para ter a vida eterna ou, dependendo do evangelho, ele chama Jesus de bom mestre. Desde o começo, fica claro que o rico tem arraigado no seu coração o que todos nós temos: um paradigma subjetivo de certo ou errado. Para o rico, Jesus, por ser aparentemente tão certinho e cativante, poderia ser facilmente reconhecido como uma boa pessoa, assim como as obras de justiça do rico também poderiam ser consideradas boas ações. Jesus responde-lhe que ele não deve julgar nada como bom: somente Deus é bom. Jesus não se nega como bom, mas repreende o conceito que o homem tem do que é bom. O conceito bíblico é: somente Deus é bom; o resto nem se compara.

Depois, Jesus responde o que a Lei de Moisés diz: “se obedecer a esses mandamentos, esta será a sua justiça”. Jesus não defende a justificação pela Lei, mas está, como de praxe, dando margem para que o seu interlocutor possa pensar. O rico olha para a sua própria vida e diz “Sempre obedeci a esses mandamentos”. Todas as pessoas obedecem a uma parte da Lei de Deus. A parte a que elas escolhem obedecer depende do que lhes convém para sentirem-se justas. Entretanto, obedecer a alguns mandamentos não é “bom”. A religião cristã é a única em que ninguém é salvo por estar segurando uma balança que pende mais para o bem do que para o mal, e sim por estar segurando a balança de Cristo, que fez somente o bem e nunca o mal.

Jesus então aponta o ídolo no coração do rico: as suas riquezas. O rico obedecia a alguns mandamentos, mas falhou em obedecer ao mais importante: amar Deus acima de todas as coisas. O dinheiro era o deus desse homem. Diante da escolha entre Jesus e as riquezas, ele escolheu as riquezas. A explicação de Jesus aos discípulos é que é praticamente impossível para um rico entrar no Reino dos céus. Ninguém precisa ficar imaginando quão difícil é um camelo passar pelo fundo de uma agulha; o ponto de Jesus não é esse. Ele estava declarando que, para um rico, que facilmente admite o dinheiro como o seu deus, é simplesmente impossível ser salvo. Isso não vale apenas para o rico, mas para qualquer pessoa que tenha um ídolo em seu coração, o que inclui simplesmente toda a humanidade.

Por isso, os discípulos ficaram tão pasmos e perguntaram pra Jesus “Se é assim tão difícil, quem pode ser salvo?”. Jesus lhes responde a conclusão esperançosa da maiêutica que fez aos ouvintes: “Para o homem, é impossível ser salvo. Mas, para Deus, tudo é possível”. Nenhum humano pode, através de seus esforços morais, ser salvo, pois sempre haverá um ídolo em seu coração. A salvação é uma dádiva de Deus, que não apenas justifica pecadores, mas os capacita a servirem de todo o coração ao verdadeiro Senhor.

Vamos comparar agora esse rico com Abraão. Ora, Abraão tinha uma esposa estéril. A grande vontade do seu coração era ter um filho. Quando Deus lhe promete um filho, Abraão crê em Deus, e essa fé o justifica. Entretanto, Tiago esclarece que não foi simplesmente por Abraão ter uma crença intelectual, ou retórica, mas porque a fé dele transformou o seu coração. Ao oferecer Isaque como sacrifício, Abraão prova pela sua obediência que ele tinha a verdadeira fé em Deus, despojada de ídolos. Deus sabe que aquilo que Abraão mais amava era o seu filho Isaque, gerado por sua esposa, e que veio após mais de uma década desde a promessa. E Deus faz questão de tocar no que poderia ser a ferida, pois ele diz: “Pegue o seu filho, o seu único filho, a quem você tanto ama, e sacrifique-o para mim”. Isaque seria para Abraão o que o dinheiro era para o rico da história de Jesus. Porém, Abraão fez aquilo que o rico deveria ter feito: servir a Deus em primeiro lugar, e não ao seu objeto de amor na terra. Por ter provado que amava Deus mais do que seu filho, foi então Abraão justificado, isto é, a sua fé foi ratificada pela sua obra.

E é essa mesma fé abraâmica que os cristãos são chamados a ter. É por essa fé que nós somos salvos. Paulo diz aos romanos e aos gálatas que aqueles que têm a fé abraâmica pertencem à aliança salvadora prometida a Abraão. Jesus mesmo diz em várias ocasiões “Quem quiser me seguir, deve carregar a sua cruz”, “Quem ama os pais, o cônjuge ou os filhos mais que a mim não pode ser meu seguidor”, “Quem põe a mão no arado e olha para trás não pode entrar no Reino dos céus”. Ninguém precisa se livrar da família ou de seus bens para ser salvo, mas sim matá-los como ídolos no coração. Somente assim o apego a Deus será verdadeiro, e o apego a todo o resto desaparecerá.

Jesus, em sua grande misericórdia, tornou-se algo material e terreno. Jesus tornou-se perceptível aos sentidos para resgatar a nós, humanos, que temos a fé tão pequena. Tendemos a crer e amar aquilo que podemos provar em nossos sentidos e rejeitar o Deus invisível, imortal, sem forma, sem imagens representativas. Jesus Cristo tornou-se material para que todos pudessem vê-lo, ouvi-lo, tocá-lo, assistir à sua morte e testemunhar o seu corpo ressurreto. Essa foi a grande evidência que permeava as pregações evangelísticas nos tempos bíblicos. Por causa desse ato de humilhação do soberano Deus em assumir a forma física de humano, podemos verdadeiramente nos apegar a ele com todo o nosso ser e servi-lo com a fé abraâmica, a fé sem ídolos.

                                                                                                                                                     André Duarte

2 comentários:

  1. Mt bom!!! Sempre é bom lembrar essas coisas todo o dia...pq a nossa carne parece que ouve em um dia e já esquece no outro...
    Espero mais reflexões puras e simples como essas
    xD

    Abração people

    Lukas

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  2. Esse menino escreve muito bem. Com uma clareza celestial. Agradeça a Deus pelo seu lindo dom da palavra.

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