segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sucesso ou excesso?


http://letras.mus.br/switchfoot/863692/traducao.html


       E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. (Lucas 12:15)


      Bom... primeiro post. A música de hoje (quem não entender vá DIRETO pra minha apresentação) é “American Dream” do Switchfoot. Rock legal com harmonia simples, sem muitas firulas na melodia também. Mas não estamos aqui pra discutir essas partes chatas que só músicos (não coloco “músicos chatos” porque é pleonasmo) ficam discutindo. O bom da música mesmo é a letra, então vamos dissecá-la. Eu sei que a música é em inglês, mas coloquei um link com a tradução também, porque eu sei que tem muita gente preguiçosa por aí. Ô era dos links...

      Só a primeira frase da música já dá pra tirar muita coisa: “Quando sucesso é igualado com excesso”. Engraçado isso, o autor da música escolher essa palavra “excesso”. Quando você vai olhando pro resto da música você percebe claramente que esse “excesso” é, em outras palavras, “riqueza”, “dinheiro”. Ué, mas por que o tiozinho não colocou “riqueza” logo? Só pra rimar né? Talvez. Ou talvez pra fazer você pensar um pouco mais.

      Veja bem, a palavra “riqueza” dá a impressão de alguém magnífico, que anda por aí “like a sir” (sim, você tem o direito de imaginar o meme), e coloca a pessoa que possui a característica de “rico” bem acima de nós. Excesso é uma palavra engraçada. Não significa alguma coisa necessariamente boa. Pode ser excesso de gordura(primeira coisa que as meninas pensaram), excesso de comida, excesso de pêlos (ops...é proibido falar de outros membros do Blog? Bom, já foi). Enfim, fica mais feio né? Excesso é uma palavra feita para dar normalmente a impressão que você tem demais uma coisa que não deveria ter. Essa (pra mim) foi uma grande sacada do tiozinho aí: O que para os outros é riqueza, para nós deveria ser excesso. Esse “deveria” se encaixa somente nos casos ruins, né? Aqueles caras que ficam pedindo mais de oito mil de dízimo, os políticos, nada a ver comigo, certo? Não.


       Não sei se algum de vocês já tiveram a experiência de, em algum momento da vida quando éramos menininhos bonitinhos e CÓTETIS (contentes), ainda no primeiro (ou até segundo) grau. Após nosso “Maravilhoso” entendimento da palavra "céu" e de que tudo cá na terra vai acabar, nós um dia chegamos para nossos pais e dissemos: “Papai, por que eu preciso estudar, ter um bom emprego e ganhar dindin, se um dia a gente vai pro céu e tudo isso não vai valer de nada?”. Meu Deus! Como uma criança que mal acabou de entender o céu (ou não) pode ter um desejo tão puro assim? A lógica dela está totalmente correta, mas o coração não. Como sempre né, (aliás isso é um otimo tema para outro post) FALA SÉRIO!!! A gente só queria saber de faltar aula!! Nada de nobre ou pura na intenção da criança.


       Olha só a diferença de hoje em dia, hoje o pessoal cristão está se matando (quase que literalmente) para conseguir um concurso ou emprego. Pessoas saem dos ministérios, sacrificam todo o seu tempo de oração, comunhão, leitura da bíblia, para quê? Dedicar o seu tempo para ter mais desse excesso. Antes quando éramos crianças e não sabiamos o “poder” do dinheiro, então a gente era até que bem solto do mundo. A partir de adultos, a gente esqueceu desse pensamento simples de criança e viciamos no nosso conforto.

       Algumas pessoas falam: “Não é excesso” ou “Mas eu preciso disso pra viver” ou “Quero deixar pra meus filhos”. Vamos comparar. Jesus vivia de favor pelas casas, nunca teve grandes(nem pequenas) riquezas. Ele foi, é e sempre será bem mais bem sucedido que você, aliás provavelmente dificultaria muito se ele tivesse muitas riquezas, visto que o povo já O seguia erroneamente só pra receber pão multiplicado, imagina quantos O seguiriam pela materialidade se Ele fosse rico. “Ok, mas Jesus também é muito mainstream”. Bom a média salarial do País que você vive é de absurdos R$ xxx. Enfim, talvez, e só talvez, você já esteja bem financeiramente, mas não consegue ver isso. Talvez porque você se sinta incompleto, desconfortável, mal-sucedido. E isso é exatamente o que a música te adverte.


       Esclarecendo para os desentendidos: a Bíblia e a música em nenhum momento abominam a riqueza ou o excesso. É bom você ter seu (na verdade não é seu) dinheirinho suado e gastar com seu conforto. O problema é quando o seu sucesso depende dele. Esse link entre os dois não deve existir para nenhum cristão, visto que são coisas completamente diferentes para Deus. Aliás Jesus disse que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no céu. Você pode ver “o topo da mente se tornar a linha do chão, quando o sucesso é igualado ao excesso”. É bem perigoso. Você pode ser um cara inteligente, formado em teologia, paparicologia, e muito mais títulos. Mas assim como não adianta você ter uma fé gigantesca para ficar movendo montanhas por aí se você não tiver amor (1Cor13), se algum dia você tiver esse link entre o sucesso e o excesso, sua sabedoria vai pro ralo.


       A música segue falando um pouco mais sobre onde você coloca seu dinheiro(“Ponha seu dinheiro onde sua boca está fluindo”) de novo mostrando o que acontece quando o que eu falei anteriormente se torna verdade.


        Depois a música chega no refrão e aí vem uma visão bem legal que a gente poderia ter de tudo isso: Toda essa busca para ter mas dinheiro, como uma máquina que nos prende. Nos prende à quê? À nós mesmos. Ficamos limitados aos nossos próprios desejos, à nossa luxúria, ao “querer mais”. O autor expressa isso no refrão. Expressa que seu “sonho americano” não é esse, apesar de estar preso nessa máquina de dinheiro como todos nós estamos. A gente não precisa ter nojo do dinheiro, mas não devemos idolatrá-lo. Como é falado no refrão, devemos “ficar cansados de lutar somente por nós” e também “querer viver e morrer por coisas maiores”. Em que universo paralelo o homem fica cansado de lutar por ele mesmo? No universo em que ele aceita verdadeiramente Jesus como mais que suficiente. Então o Espírito Santo dá a possibilidade (que não havia antes de jeito nenhum) para o homem parar de lutar por ele mesmo (aliás começar a se negar) e, por meio do entendimento do evangelho, querer viver por coisas maiores do que dinheiro. E pronto. Você está livre da máquina.


        Parece até fácil, se o dinheiro não fosse uma influência tão forte. A Bíblia várias vezes adverte sobre o dinheiro e até da nome ao demônio que gosta de se aproveitar disso: Mamon. Quantas pessoas (crentes ou não) que vimos por aí, que após ficarem famosos, começarem a ganhar mais dinheiro ou virarem jogadores profissionais, simplesmente quebraram a cara, separaram do cônjuge, enfim, acharam sustentação própria em um lugar que não dá a sustentação plena que nós precisamos. Pessoalmente, eu acho que, seja descrente, seja um crente cheio de títulos espiritualóides, ter dinheiro demais é perigoso de qualquer jeito. Pois a mente humana tende a pensar, nesses casos, que realmente é alguma coisa, que o dinheiro realmente vem do seu suor, que pode sustentar a sua família com o que tem, e a conclusão inevitável é a independência de Deus. Isso porque nosso coração é enganoso e fraco. Nós subestimamos a nossa capacidade de sermos enganados por nós mesmos. Se analisarmos bem friamente, eu acho que nós estamos competindo com o Diabo pra ver quem nos enganamo-nos a nós mesmos, e normalmente ganhamos fácil do Diabo (esperando um “Ô GLÓÓÓÓRIA” dos que só leram a última parte).


         Posteriormente música fala novamente do link do excesso com sucesso, mas agora exemplificando com nomes de empresas, e como seus empregados dão a vida por esses empregos. Essa é pra parte pro pessoal que vai pra empresas privadas... hehe.


         Na continuação. Ele critica as mulheres fúteis (de novo, crentes e descrentes), que estão sempre pedindo presentes, nesse caso anéis, ou sejam jóias. A jóia em si é um coisa absurdamente cara, sem utilidade nenhuma a não ser enfeitar a mulher e dar falsa impressão de que ela é importante (eu sei fui bem extremo, não tenho nada contra as jóias, só contra as jóias caras). As mulheres que valorizam tudo isso também estão fazendo o link, e por fazer isso, desvalorizam-se. O tiozinho fala aí: “É verdade que você faria o que eu quero, se eu te desse o ‘bling’ necessário?” e segue concluindo que essas mulheres são como “marionete nos fios monetários”. Isso é resumido no versículo que coloquei no começo do post (Lc12:15).

       Eu não quero que você, leitor, leia todo esse post e escute essa música pensando no Silas Malafaia, no Pastor Metralhadora, ou qualquer um que não seja você. Meu intento em escrever esse artigo não é criticar a vida alheia, e sim fazer você ter uma reflexão sobre os links errados com o sucesso que você tem na cabeça, como todos temos. O link com o excesso é só uma das coisas que podem estragar seu modo de pensar aqui na Terra. Nós temos que achá-los, confessarmos que somos falhos, e lutar dia-a-dia contra seu domínio ou até o seu mínimo resquício na nossa mente. E assim, passo-a-passo, mas sem parar, estaremos cada vez mais perto do caráter daquele que nos salvou.

Lukas Menezes

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