domingo, 11 de novembro de 2012

Senhor dos senhores ou senhores do Senhor?



Já ouviram um ditado popular que diz que intimidade é uma inconveniência (na verdade é outra coisa, mas “inconveniência” soa algo mais educado *feel like a sir*)? Pois é assim que eu acredito que Deus se sinta com a Igreja Contemporânea. Nesse texto irei discorrer sobre a soberania, o senhorio, a autoridade, o poder (bem acho que vocês já entenderam) de Deus, e a postura humilde que nós deveríamos ter perante Deus, tudo isso dentro um enfoque crítico à postura de líderes e suas respectivas massas quanto esses assuntos.

Não é difícil nos dias de hoje observar esta atitude herética: alguém dando ordens, ou demandando coisas de Deus. Então gostaria de realizar aqui duas situações: primeiro uma relação entre pais e filhos e a outra uma relação entre patrão e empregado (só porque é algo mais palpável, mas é muito branda ao comparar a relação entre um senhor e seu escravo, mas no meu caso irá servir). Primeiro, você é uma criança e está passeando com seu pai no shopping, e, de repente, você nota aquele carrinho de controle remoto super fera que tem n-velocidades. Por acaso você iria dirigir a palavra a seu pai da seguinte forma: “pai, eu ordeno, eu determino que você me dê aquele carrinho.”? Eu acredito que não, porque primeiro, pra qualquer pai, você teria reduzido todas as chances de conseguir o carrinho a zero, segundo porque você iria tomar aquela bronca homérica, se não, o que seria o meu caso, se eu falasse de tal forma pra minha mãe, tomava um na boca a ponto de dar duas voltas no ar antes de cair e ficaria traumatizado pro resto da vida e toda vez visse um carrinho de controle remoto na rua eu desmaiaria (amo minha mãezinha, só usei isso como um tom de humor, mas sim ela faria isso e amo por conta disso, ela não foi uma mãe ausente e sempre demonstrou sua autoridade para comigo, mãe to no Resenha de Deus!!!). Segundo cenário: está você trabalhando na sua repartição sofrendo alguma forma de perseguição ou tendo que fazer mais tarefa do que realmente fora designado, e o chefe é seu amigo. Por algum acaso você iria pro seu chefe dessa maneira: “senhor, eu não admito essa situação na minha vida, eu não quero mais problemas, eu não aceito isso na minha vida, e eu determino que você faça alguma coisa”? Novamente acredito que não, unicamente porque você zela por seu emprego, pois sabe que assim a única coisa que você vai ganhar é uma bela demissão e com isso não a solução de um problema, mas criação de um novo.

Parece engraçado, e é, mas essas duas formas que eu usei para se dirigir ao seu pai ou ao seu patrão, são muito parecidas com as orações que andam sendo feitas por aqueles que se chamam cristãos, e aí a graça acaba e a realidade é triste. Explicando minhas ilustrações, não é só porque Jesus disse: “Já não vos chamo servos, (...) mas tenho-vos chamado amigos” (Jo. 15:15), que isso excluí a sua condição de servo, da mesma forma que não é só porque você é amigo do seu chefe que você pode ficar lhe ordenando coisas e/ou deixar de fazer seu trabalho, muito pelo contrário, é  você que tem que fazer o que Jesus te manda fazer, e é até condição para ser amigo Dele (Jo. 15:14), muitos gostam de citar de Jo. 15:15, mas nunca se lembram do versículo anterior. Muito menos numa relação parental, não é só porque nos foi dado o poder de “sermos feitos filhos de Deus” (Jo. 1.12) e “se somos filhos, somos herdeiros, herdeiros de Deus, co-herdeiros com Cristo” (Rm. 8:17), que podemos chegar barganhando com ou pedindo a ou muito menos mandando Deus fazer alguma coisa ou exigindo alguma “promessa”, e, sinceramente, vendo a forma como a Bíblia trata ao longo dela a relação entre pais e filhos, essa postura nasceu de uma secularização da Igreja, onde a influência e a irreverência de filhos rebeldes e desobedientes, conseguiu adentrar na Igreja alterando até nossa forma de lidar com o Pai, o que torna essa postura algo totalmente reprovável, nojento e diabólico.

Amado, se você tem essa postura eu te digo: ponha-se no seu lugar! Nós todos somos um bando de fracos, pecadores miseráveis, que rejeitamos, cuspimos e crucificamos o Filho daquele que nos amou primeiro, nós merecíamos uma morte que não só de corpo, mas de alma, no inferno debaixo da Ira e do Juízo do Todo-Poderoso e mesmo assim Seu Filho morreu por nossas vidas, e conseguiu, pelo preço de seu sangue, o perdão que nos purifica de toda iniqüidade. Dá próxima vez que você for se dirigir ao Nosso Senhor Jesus Cristo, lembre-se bem, de que você estará falando com Aquele que “Deus exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus e na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para Glória de Deus Pai” (Fp. 2:9-11), Aquele que “estejam absolutamente certos, pois, toda a casa de Israel, de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At. 2:36). Ele é Senhor sobre todas as coisas, como diz Paul Washer num de seus vídeos: “Não pense que eu sequer pedirei para você fazer de Jesus o Senhor da sua vida. Essa é a coisa mais absurda que eu poderia lhe pedir para fazer. Jesus é o Senhor da sua vida! Quer você O sirva ou não, você O bendiga ou não, O amaldiçoe, O odeie, O ame”. Entenda, meu amado, de uma vez o conceito de “temor a Deus” e “reverência”! Você deve reconhecer a soberania de Deus sobre sua vida.

O que fazer então, João? Humilhe-se, reconheça que você é pobre, cego e nu diante Dele, reconheça sua natureza pecadora. Leia a Bíblia, e veja o que ela diz sobre como se portar como cristão, e principalmente veja como Jesus se portou diante de Deus. Uma das palavras que resumiriam a vida de Cristo é humildade. Então seria bom começar “negando-se a si mesmo, tomando sua cruz e seguindo-O. Porquanto quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor causa de Cristo achá-la-á” (Mt. 16:24-25). De igual forma “tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fp. 2:5-9).

 Muito interessante o final, pois isso remete à postura de Jesus momentos antes de ser preso, analisemos: “Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível afasta de mim esse cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. E voltando-se para os discípulos, achou-os dormindo, (...pagou um sapo...). Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim esse cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque seus olhos estavam pesados. Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras.” (Mt. 26:36-44). Jesus estava com sua alma muito entristecida, angustiada, amargurada, a ponto de essa tristeza ser mortal, a ponto de “estar em tamanha agonia, orar mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc. 22:44), que segundo esse povo que estuda coisas na área da saúde, indica um quadro clínico de alto nível de estresse, a pessoa está estressada a tal ponto que o sangue fica com a mesma densidade do suor e difunde-se para as glândulas sudoríparas. Verdade ou não, Jesus estava muito mal. E mesmo com todos esses problemas (não era para menos, Ele estava carregando naquele momento nada mais, nada menos, que todos os pecados da humanidade), ele não acochambrou ou fugiu, muito menos deu ordens ao Pai. Não, em suas três, isso mesmo, três, orações ele pediu pra poder evitar o seu inevitável destino, contudo, sempre mantendo a vontade de Deus como foco. É difícil, eu sei que é difícil, você pode estar passando o momento que for, mas mantenha uma postura humilde e de reverência. Este é o exemplo que o próprio Jesus nos deixou.

Enfim, não quero me estender mais para não ficar exaustivo, mas saiba que se o Espírito de Deus te iluminou de alguma forma acerca deste assunto, já valeu pra mim. Se você entender o que é uma vida de humildade e servidão diante de Deus, debaixo unicamente da Sua vontade e negando as suas próprias vontades egocêntricas e limitadas a uma vida passageira, já valeu mais que uma vida inteira. Anseie pela ação do Espírito Santo em sua vida, para que seu coração não seja como o do tolo ao receber uma palavra que vai de encontro a ele, mas seja como o do sábio, que discerne a palavra que recebe e a usa para edificação. Um beijo e um abraço, e que Deus os abençoe.

João Renato

5 comentários:

  1. Bem legal, João!
    Concordo pakaz. :)

    So nao curti a frase "Deixe o Espírito Santo agir em sua vida". Pois creio que o ES é Deus, e, portanto, é soberano e não está sujeito à vontade humana. Ninguém pode resistir a Ele ;P
    \0/ abrazz

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    1. é eu poderia ter retirado ou alterado essa parte, mas entenda, meu público alvo e de quase todos os textos aqui, é o povo pentecostal/neopentecostal. não vi outra forma de escrever isso.

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  2. Entendi :)
    minha sugestão:

    "Anseie pela ação do Espírito Santo em sua vida, para que seu coração não seja como o do tolo ao receber uma palavra que vai de direto encontro a ele, mas seja como o sábio, que discerne a palavra que recebe e a usa para edificação. Um beijo e um abraço, e que Deus os abençoe."

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