segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Post Natalino 5 - Herodes e o verdadeiro rei


            
          Até este ponto, o nascimento do Senhor tem sido celebrado por todos os que ouvem a notícia. Maria, os pastores, os anjos, Simeão, Ana e os magos prestaram louvor e adoração pela vinda do novo rei. Entretanto, essa breve história tem um vilão, Herodes, o Grande.
            
              Quando os magos disseram a Herodes que um novo rei havia chegado, Herodes entrou em pânico. Ele é referido pela história como um rei extremamente paranoico e cruel, chegando a matar vários de seus parentes e sua própria esposa, simplesmente por suspeita de traição. A dinastia herodiana vem de Esaú (nesta época, os edomitas eram chamados idumeus), e a rivalidade entre esse ancestral de Herodes e o irmão Jacó perpetua-se entre os dois personagens presentes – Herodes e Jesus. Entretanto, como um homem meticuloso, Herodes fingiu submissão ao novo rei, quando disse aos magos para informá-lo da localização de Jesus para ir adorá-lo.
            
             O plano de Herodes foi frustrado, porque é Deus quem controla a história. Em sonho, talvez por um anjo, os magos foram alertados para não voltarem com a notícia ao perverso rei, mas que voltassem à terra deles por outro caminho. Também José foi avisado em sonho por um anjo para fugirem ao Egito, pois Herodes tentaria matar Jesus. Prontamente, a família obedeceu.
            
               A fuga para o Egito é cumprimento de profecia. Em Oseias 11:1, Deus diz “Do Egito, chamei meu filho”. O profeta se referia ao êxodo de Israel, em como Deus chamou Israel para fora do Egito, mas foi ignorado e desobedecido constantemente. Tal continuação não se aplica a Jesus, o filho perfeitamente obediente. No post da análise de O Rei Leão, eu mostrei como Jesus é identificado com o novo e ideal Israel. Assim como Israel, Jesus teve de fugir para o Egito devido à necessidade de sobrevivência (veja a história no Gênesis). Entretanto, em certo momento, Deus chamou o seu filho para voltar à terra natal. Em Êxodo 4:22, Deus chama Israel de seu primogênito, o qual é também o título adequado de Jesus em vários textos do Antigo Testamento. Jesus é o cumprimento do propósito e do significado de Israel. Dessa forma, a profecia de Oseias encontra o seu significado pleno em Jesus.
            
            Durante a estadia no Egito, o que houve com Herodes? De tanto esperar pelos magos, ele percebeu que havia sido enganado. Sua terrível solução para evitar que o tal bebê viesse a tomar o seu trono foi bem pragmática: ordenar o genocídio de todas as crianças com menos de dois anos, tanto em Belém como no entorno. Esse fato não é registrado pela histórica laica, pois, comparando com outros feitos de Herodes, esse ato cruel não foi dos maiores. Ainda assim, foi um grande sofrimento para as famílias. E foi ineficaz, pois Jesus já estava no Egito, salvo pela intervenção de Deus. A chacina em Belém e nas cidades próximas é referida por Mateus como cumprimento de profecia também. Jeremias, ao proferir a morte dos filhos de Raquel, falava da destruição das tribos de Israel – os filhos de Raquel – e, em seguida, profetiza sobre a restauração vindoura. Mas a história se repete com a destruição de centenas de crianças, filhas dos judeus, na cidade de Ramá – uma cidade próxima a Belém e que havia pertencido à tribo de Benjamim. E, dessa vez, com a restauração bem próxima.
            
             O destino de pessoas como Herodes, que fazem de tudo para suprimir o reinado de Jesus, é ter seu plano frustrado e morrer. Logo que Herodes morreu, um anjo avisou José de que eles poderiam já retornar a Israel. José voltaria para Belém; entretanto, quem estava reinando na Judeia era Arquelau, filho de Herodes. Arquelau era simplesmente tão cruel quanto o seu pai. Prudentemente, e, obedecendo a mais uma ordem divina, José voltou à sua cidade na Galileia, Nazaré. Mateus diz que a identificação de Jesus com a origem nazarena era também cumprimento de profecia. Essa tem sido uma das profecias mais difíceis de entender, pois ela não existe literalmente no Antigo Testamento. Uma das hipóteses é que o termo “nazareno” seja referência ao termo “renovo” em Isaías 11:1 – “Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo”, visto que a raiz hebraica é a mesma e as palavras são bem semelhantes. Outra hipótese é que o termo “nazareno” esteja sendo usado como sinônimo de desprezível, o que seria uma identificação de Jesus com o servo sofredor de Isaías 53, pois Nazaré era uma das cidades mais escarnecidas de Israel.
            
            Aqui encerra-se o registro canônico da infância de Jesus. Ele teve a sua vida preservada por milagres do Pai e foi adorado por todos aqueles a quem Deus chamou. A grande diferença entre os seus adoradores e Herodes foi o “sim” ou o “não” à questão: eu quero me submeter à soberania deste pequeno rei? Herodes representa todos nós, quando rejeitamos o senhorio de Cristo sobre nossas vidas, quando tememos o seu reinado por atentar contra nossas vontades egoístas. Não foi essa a reação daqueles que eram pequenos aos seus próprios olhos: pastores, um homem justo, uma idosa, estrangeiros – e mesmo anjos. Herodes era um falso rei, injusto, temporário e ineficaz; Jesus, porém, era o verdadeiro rei, cujo reinado é eterno e santo. Não pense que alguém deve aceitar ou receber Jesus, pois é o rei quem deve aceitar o súdito para poupar-lhe a vida. A pergunta que paira para nós diariamente é: eu desejo ser submisso ao Rei dos reis, não importando as consequências para a minha vontade? Ou tentarei ser um Herodes, lutando contra Jesus e iludindo-me com o meu controle sobre mim e sobre a minha vida?
           
          Feliz Natal e um ano de prosperidade e vitórias e conquistas e dinheiro, amém!

André Duarte

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