Este é o segundo post da série
sobre Satanás. No primeiro, vimos a questão controversa de sua origem, e eu
expus por que Deus já criou Satanás mau. Agora, vou explicar a esfera do seu
poder. O próximo e último post será sobre suas maneiras de agir.
Como eu
coloquei no primeiro post, Deus e Satanás não são inimigos diretos, agindo
pessoalmente um contra o outro. Satanás é um anjo de Deus que cumpre suas
funções ordenadas. Mesmo assim, a Bíblia define o reino de Satanás como
distinto do reino de Deus. O diabo é posto para governar sobre aqueles que
rejeitam a autoridade de Deus, mesmo isso não sendo praticamente possível.
Satanás é o anjo do pecado. Como diz João, ele vem pecando desde o princípio
(1João 3:8a) e ele é pai e senhor sobre os escravos do pecado. Ele governa
sobre o mundo ímpio e seu sistema (Lucas 4:6) e a obra de Cristo é transportar
pessoas do domínio dele para o domínio direto de Deus (Atos 26:18, Colossenses
1:13). Através do sacrifício de Jesus e da perpetuação do seu evangelho, o
poder de Satanás é subjugado (Hebreus 2:14, 1João 3:8b).
Temos de
maneira clara na Bíblia que o domínio de Satanás é somente sobre os descrentes. Se um crente tem medo de que sua vida
seja dirigida pelo diabo, está negando a obra do seu Senhor. Paulo repreende
fortemente os colossenses devido ao medo que eles tinham dos demônios
(Colossenses 2:8, 20 – a expressão “princípios elementares” refere-se a regras
que, conforme os pagãos acreditavam, estavam sujeitas ao poder de demônios),
pois Jesus Cristo já havia triunfado sobre eles na cruz (2:15). É comum vermos
crentes atribulando-se em preocupações sobre a intervenção de Satanás em suas
vidas. Essa atitude demonstra grande ignorância sobre o diabo e sobre o próprio
Cristo. Pelo contrário, o decreto para os crentes é que “todas as coisas
cooperam para o bem dos que amam Deus” (Romanos 8:28). Os passos do cristão são
dirigidos diretamente por Deus, na jurisdição do seu Filho, Jesus Cristo.
Satanás não tem poder nenhum sobre os santos. (E você não precisa lembrar
Satanás do seu lugar quando estiver orando apaixonadamente)
Além disso,
o domínio de Satanás tem relação direta com o domínio do pecado. Ele age devido
ao pecado dos homens, instigando a rebelião contra Deus. Com isso, quero
lembrar que ele o poder dele não tem nada a ver com marcas, grifes, objetos,
alimentos, lugares ou tempos. A literatura pagã, que eu mencionei no post
anterior, ensina a heresia de que, se um crente obtiver um produto supostamente
associado com Satanás, é uma “brecha” para que o diabo bagunce sua vida. Ora,
isso significa que o diabo tem mais poder do que Jesus. Afinal, se Jesus é o
meu Senhor, mas eu ganho uma roupa consagrada ao diabo, Jesus fica incapaz de
me proteger. Queridos, bitch, please, o governo de Jesus não tem
brechas! Sua obra foi completa, seu poder sobre a santidade e sobre os seus
fieis é absoluto. Se é necessário um esforço pessoal nosso por não se associar
com objetos consagrados ao diabo para complementar a proteção de Deus,
significa que a obra de Jesus é débil. O que Paulo ensinou aos coríntios mesmo?
Capítulos 8 e 10, por favor. Ah, sim, podemos comer alimentos consagrados a
ídolos (que Paulo associa com demônios, sim, no capítulo 10), porque eles não
têm poder nenhum sobre a vida dos crentes. Pertencemos ao reino de Cristo, onde
Satanás não nos toca. É claríssimo o ensino em 8:4-6: há um só Deus e um só
Senhor, a quem pertencemos e sobre quem nenhuma outra entidade tem poder. O
comércio de coisas consagradas é irrelevante para o nosso consumo, pois, no
mesmo contexto, veja 10:25. Se você acha que a consagração de objetos ao diabo
é eficaz para o seu domínio, está concordando com a fé dos satanistas, e não
com a do evangelho.
O domínio
de Satanás sobre os crentes é totalmente nulo. No próximo post, comentarei que
tipo de ataques ele faz aos crentes. Mas, sobre os descrentes, ele governa. A
posse do mundo descrente é do diabo. Entretanto, mesmo o domínio sobre os
descrentes está debaixo da permissão de Deus. Retoricamente, todo mundo afirma
o mantra de que “Satanás não faz nada sem a permissão de Deus”. Na prática,
entretanto, a construção imaginária é a de que Deus está distante, apenas
olhando, enquanto Satanás ferozmente apronta tudo o que quiser, até que Deus
resolva se levantar e ordenar que ele pare (o que só acontece depois de orarmos
muito e fazermos mil coisas, claro). O que a Bíblia mostra, entretanto, é que a
permissão de Deus se dá de maneira expressa, e não omitiva.
Com relação
aos descrentes, a Bíblia não dá exemplos. Há apenas um indício em 1Coríntios 5:5,
que fala para a Igreja “entregar a Satanás” o pecador impenitente.
Aparentemente, ao ser governado pelo diabo novamente, o excomungado sofre e
deseja retornar à comunhão santa. O mesmo ocorre com Alexandre e Himeneu, que
Paulo entrega a Satanás “para aprender a não blasfemar” (1Timóteo 1:20). Não há
outros exemplos. Mas, pelas inúmeras declarações da soberania de Deus sobre
todo o mundo, é óbvio que o domínio de Satanás sobre os descrentes não é
totalmente livre e arbitrária. Com relação aos crentes, existem alguns
exemplos. Um não muito claro é o de 1Crônicas 21:1. O texto paralelo em 2Samuel
24 diz que Deus se irou contra Israel e incitou Davi a realizar um censo. Em
1Crônicas, está escrito que foi Satanás quem fez isso. É um exemplo tácito em
que Satanás age de acordo e subordinado à vontade de Deus.
Temos, no
entanto, dois exemplos claros da permissão expressa de Deus. O primeiro, bem
conhecido, é o de Jó. Satanás requisita a permissão de Deus para testar Jó, e
Deus o permite, dizendo “só vá até este ponto”. É bem diferente da ideia comum
de Deus “permitindo” simplesmente ao não fazer nada. O outro exemplo está em
Lucas 22:31, quando Satanás requisita permissão para testar os discípulos de
Jesus. Jesus diz que orou para que a fé de Pedro permanecesse firme. Mais uma
vez, o diabo só realizou sua ação após pedir permissão e Jesus (ou o Pai, o
texto não esclarece) a conceder.
Com essas
explicações, quero mostrar que Satanás possui um reino onde ele age com
liberdade subordinada, e esse reino abrange apenas os descrentes. Aqueles que
se submetem a Jesus não são tocados pelo diabo. Também quero mostrar que as
ações do diabo podem ser de iniciativa dele, mas necessariamente precisam
passar pela sanção de Deus, com ou sem vetos parciais (concurseiros entenderão
:P). O poder de Satanás existe, mas é limitado pela vontade de Deus, e disso os
crentes não podem se esquecer. Não adianta responsabilizar Satanás pelo mal que
acontece. Também não é certo pensar que existe guerra pessoal entre Satanás e
Deus. Deus é o único soberano, aquele rege sobre o bem e o mal, e tudo procede
dele. Satanás não deve ocupar um lugar central na vida cristã, ao contrário do
que ocorre a muitos. Se um crente percebe o poder de Satanás com mais realidade
e concretude do que o de Deus – um Deus distante e abstrato, que faz pouco mais
que supervisionar –, deve retornar aos seus fundamentos e reavaliar sua fé.
André
Duarte
Eu diria então que o poder de satanás sobre os crentes não é nulo, mas proporcional à permissão de Deus. Como nos exemplos de Davi, Pedro e Jó. Só pra deixar a ordem do raciocinio mais clara: nós não devemos temer o diabo, por quê? Porque mesmo que Deus permita que ele faça alguma coisa com a gente, ele nunca vai ser o senhor da nossa vida, e esse mal que Deus porventura permita que ele nos cause, no final, vai redundar em bem.
ResponderExcluirSó pra evitar que as pessoas, depois de lerem esse post, acharem que Deus não pode usar o diabo a favor delas.
Quero o proximo post!!!
*que as pessoas ACHEM. Malz..
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