Qual é a diferença da moral de
um mundano e da moral de um cristão? Hoje em dia, é difícil responder a isso
quando observamos o comportamento das pessoas. Mundanos e cristãos estão cada
vez mais semelhantes na sua busca moral. Ambos acreditam na fidelidade
conjugal, na honestidade, em não roubar, não matar, praticar a caridade.
Exteriormente, quase não há diferença. É totalmente irreal o estereótipo do
mundano que usa drogas, faz sexo com todo mundo e não liga pra nada, embora não
faltem exemplos. Mas, há uma diferença sutil e que muda tudo: o fundamento da
moral.
Por que um
mundano decide ser moral? Existem duas motivações básicas para a obediência às
regras morais: medo e orgulho. É assim que a educação funciona desde a mais tenra
infância. A motivação do medo diz “vou agir assim para que eu não seja
castigado”. O orgulho diz “serei uma pessoa moral porque isso me torna justo,
diferente das pessoas horríveis que praticam coisas erradas”. Um mundano age
para si mesmo, tornando-se o seu próprio deus. Com esse pensamento, ele pode
mudar as regras conforme suas opiniões. É por isso que o mundano costuma ser
contraditório em seus atos. Sua moral tem fundamento subjetivo, ele próprio. E
ele é uma pessoa mutável. Esse é o ponto em que um legalista e um antinomista
se encontram.
Percebi
essas coisas por causa dos meus colegas de trabalho. A maioria deles aposta que
eu vou querer me divorciar, ir atrás de outra mulher. Isso porque todos eles já
fizeram isso. Quando falo que o meu namoro é maravilhoso, falam que é sempre
assim no começo, mas piora com o passar do tempo. Minha resposta é: “Meu amor e
minha fidelidade se baseiam no amor e na fidelidade de Deus, que são eternos e
imutáveis”. Deus não muda. Se queremos ter um caráter como o de Deus,
precisamos fundamentá-lo nele, e não em coisas sombrias e passageiras. O que
distingue o cristão de um mundano moral é a sua motivação, que é diretamente
ligada à adoração, ao reconhecimento da verdade. Um mundano pratica a moral por
causa dele mesmo ou das coisas que ele ama. Um cristão obedece aos mandamentos
de Deus por causa de Deus, por amor a ele, por confiança apenas nele.
Além disso,
a moral do mundano é construída sobre o fundamento errado da confiança própria.
Mundanos e legalistas acham que obedecer à moral é uma questão de força de
vontade. Porque, pensam eles, nós somos capazes de obter a justiça por conta
própria. Nós podemos simplesmente decidir, fazer muito esforço e pronto,
conseguiremos ser pessoas santas. Isso é um erro. As Escrituras dizem que nós
não somos capazes de nos salvar. Nós somos inclinados para o pecado, tendentes
a confiar em nossas obras para a salvação. Quando fundamentamos nossa santidade
em nossa capacidade inata, estamos faltando com humildade. O homem é um ser caído,
que depende totalmente de Deus para cumprir a sua vontade. O raciocínio do
cristão frente a uma regra moral não é “posso cumpri-la, vou cumpri-la”, e sim
“não posso cumpri-la, mas Jesus cumpriu por mim, perdoou minha transgressão e
me fortalece para cumpri-la através dele”. Podemos hoje ser verdadeiros
adoradores de Deus, mas somente porque o sacrifício de Cristo é eficaz para
remover de nós a impureza, e porque ele nos deu o Espírito Santo para nos
ajudar. Através de Cristo, por causa do que ele fez, somos santos. Nunca por
causa do que nós supostamente conseguimos sozinhos.
Outro ponto
importante é o padrão da santidade, o patamar da moral. Para o mundano, o homem
é a medida da moral. Ao dizer isso, decorre a implicação de que qualquer
arcabouço de práticas morais que o homem obtiver, por ele ser homem, já é
suficiente para justificá-lo. Isso é um relativismo totalmente arbitrário. O
cristão, no entanto, sabe que o padrão de santidade é Deus. Somente uma pessoa
tão santa quanto Deus é justa. A menor imperfeição já torna o homem um
criminoso aos olhos de Deus. Como, então, atingir essa meta? O cristão é
consciente de que ele não a atingiu. Ele confia no único que conseguiu, Jesus
Cristo, o qual, ao oferecer a si mesmo como sacrifício para receber a ira de
Deus, serviu-nos de substituto. Através da fé, da confiança em Jesus Cristo,
somos declarados justos para Deus. Sabemos que nunca seremos santos através de
nossos esforços, mas sim através da confiança plena de que Cristo é o nosso
substituto, que ele conquistou a justificação por nós pela sua vida perfeita e
sua morte vicária.
Concluímos,
então, que não é a moralidade expressa que faz de alguém um cristão ou um
descrente, um santo ou um profano, um justo ou um ímpio. É a motivação do
coração, a qual é transformada apenas pela fé. Pode-se resumir todos esses
pontos no seguinte: o mundano é moral porque tem fé em si mesmo; o crente é
moral porque tem fé em Jesus. Isso faz toda a diferença. O mundano adora a si
mesmo e, por crer na mentira de que ele é o deus de sua vida, ele cai em
desgraça e é abatido pelo verdadeiro Senhor. Sua moral relativa e alicerçada na
areia irá quebrar. O cristão, ao contrário, oferece a si mesmo humildemente
como adorador do Senhor Deus e santifica a sua vida por amor a ele, confiando
na verdade dele. Esse homem estará seguro e em paz. Mesmo que peque e caia, o
Senhor o levantará pela mão.
André Duarte
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