terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O fundamento da santidade


         

         Qual é a diferença da moral de um mundano e da moral de um cristão? Hoje em dia, é difícil responder a isso quando observamos o comportamento das pessoas. Mundanos e cristãos estão cada vez mais semelhantes na sua busca moral. Ambos acreditam na fidelidade conjugal, na honestidade, em não roubar, não matar, praticar a caridade. Exteriormente, quase não há diferença. É totalmente irreal o estereótipo do mundano que usa drogas, faz sexo com todo mundo e não liga pra nada, embora não faltem exemplos. Mas, há uma diferença sutil e que muda tudo: o fundamento da moral.
                       
Por que um mundano decide ser moral? Existem duas motivações básicas para a obediência às regras morais: medo e orgulho. É assim que a educação funciona desde a mais tenra infância. A motivação do medo diz “vou agir assim para que eu não seja castigado”. O orgulho diz “serei uma pessoa moral porque isso me torna justo, diferente das pessoas horríveis que praticam coisas erradas”. Um mundano age para si mesmo, tornando-se o seu próprio deus. Com esse pensamento, ele pode mudar as regras conforme suas opiniões. É por isso que o mundano costuma ser contraditório em seus atos. Sua moral tem fundamento subjetivo, ele próprio. E ele é uma pessoa mutável. Esse é o ponto em que um legalista e um antinomista se encontram.
           
Percebi essas coisas por causa dos meus colegas de trabalho. A maioria deles aposta que eu vou querer me divorciar, ir atrás de outra mulher. Isso porque todos eles já fizeram isso. Quando falo que o meu namoro é maravilhoso, falam que é sempre assim no começo, mas piora com o passar do tempo. Minha resposta é: “Meu amor e minha fidelidade se baseiam no amor e na fidelidade de Deus, que são eternos e imutáveis”. Deus não muda. Se queremos ter um caráter como o de Deus, precisamos fundamentá-lo nele, e não em coisas sombrias e passageiras. O que distingue o cristão de um mundano moral é a sua motivação, que é diretamente ligada à adoração, ao reconhecimento da verdade. Um mundano pratica a moral por causa dele mesmo ou das coisas que ele ama. Um cristão obedece aos mandamentos de Deus por causa de Deus, por amor a ele, por confiança apenas nele.
           
Além disso, a moral do mundano é construída sobre o fundamento errado da confiança própria. Mundanos e legalistas acham que obedecer à moral é uma questão de força de vontade. Porque, pensam eles, nós somos capazes de obter a justiça por conta própria. Nós podemos simplesmente decidir, fazer muito esforço e pronto, conseguiremos ser pessoas santas. Isso é um erro. As Escrituras dizem que nós não somos capazes de nos salvar. Nós somos inclinados para o pecado, tendentes a confiar em nossas obras para a salvação. Quando fundamentamos nossa santidade em nossa capacidade inata, estamos faltando com humildade. O homem é um ser caído, que depende totalmente de Deus para cumprir a sua vontade. O raciocínio do cristão frente a uma regra moral não é “posso cumpri-la, vou cumpri-la”, e sim “não posso cumpri-la, mas Jesus cumpriu por mim, perdoou minha transgressão e me fortalece para cumpri-la através dele”. Podemos hoje ser verdadeiros adoradores de Deus, mas somente porque o sacrifício de Cristo é eficaz para remover de nós a impureza, e porque ele nos deu o Espírito Santo para nos ajudar. Através de Cristo, por causa do que ele fez, somos santos. Nunca por causa do que nós supostamente conseguimos sozinhos.
           
Outro ponto importante é o padrão da santidade, o patamar da moral. Para o mundano, o homem é a medida da moral. Ao dizer isso, decorre a implicação de que qualquer arcabouço de práticas morais que o homem obtiver, por ele ser homem, já é suficiente para justificá-lo. Isso é um relativismo totalmente arbitrário. O cristão, no entanto, sabe que o padrão de santidade é Deus. Somente uma pessoa tão santa quanto Deus é justa. A menor imperfeição já torna o homem um criminoso aos olhos de Deus. Como, então, atingir essa meta? O cristão é consciente de que ele não a atingiu. Ele confia no único que conseguiu, Jesus Cristo, o qual, ao oferecer a si mesmo como sacrifício para receber a ira de Deus, serviu-nos de substituto. Através da fé, da confiança em Jesus Cristo, somos declarados justos para Deus. Sabemos que nunca seremos santos através de nossos esforços, mas sim através da confiança plena de que Cristo é o nosso substituto, que ele conquistou a justificação por nós pela sua vida perfeita e sua morte vicária.
           
Concluímos, então, que não é a moralidade expressa que faz de alguém um cristão ou um descrente, um santo ou um profano, um justo ou um ímpio. É a motivação do coração, a qual é transformada apenas pela fé. Pode-se resumir todos esses pontos no seguinte: o mundano é moral porque tem fé em si mesmo; o crente é moral porque tem fé em Jesus. Isso faz toda a diferença. O mundano adora a si mesmo e, por crer na mentira de que ele é o deus de sua vida, ele cai em desgraça e é abatido pelo verdadeiro Senhor. Sua moral relativa e alicerçada na areia irá quebrar. O cristão, ao contrário, oferece a si mesmo humildemente como adorador do Senhor Deus e santifica a sua vida por amor a ele, confiando na verdade dele. Esse homem estará seguro e em paz. Mesmo que peque e caia, o Senhor o levantará pela mão.

            André Duarte

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