segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Relacionamentos amorosos: uma análise à luz da Escritura - II, O Casamento - Parte 4: O Sexo Pré-Marital



Seguimos então com a série sobre relacionamentos conjugais à luz da Escritura, e o tema de hoje é um bem discutido no meio cristão: o sexo pré-marital, o sexo antes do casamento. Vamos retomar algumas coisas dos posts anteriores, e discuti-las sob esse espectro da discussão, para melhor desenvolvimento da exposição.

Primeiramente, eu gostaria de rever um conceito que foi colocado anteriormente, a saber, que o Casamento é uma aliança que reflete a união de Deus e Seu Povo, de Cristo e a Igreja. Nós somos imagem e semelhança de Deus e isso se estende também para o pacto familiar, a aliança do Casamento, refletindo o relacionamento de Deus conosco. É um pacto, uma aliança, que é algo que oferece benefícios e exige responsabilidades.

Em relação a Deus e Seu Povo, temos a máxima que representa a questão de como se dá a aliança: “Eu serei o seu Deus e vós sereis Meu Povo” (Jr 30.22; Lv 26.12; Jr 11.4). Deus, no Antigo Testamento, tem a iniciativa de propor uma aliança a Israel. Ele seria o Deus deles, os guiando, protegendo, e fazendo-os prosperar sobre a terra, desde que eles O obedecessem (Dt 28.1). Há esta reciprocidade. Os benefícios desta união se dão na manutenção da mesma, crivada pelos próprios mandamentos de Deus. No Novo Testamento, na passagem de Efésios (Ef 5.22-33) mostra a analogia entre o homem e a mulher no Casamento com o relacionamento de Cristo e a Igreja: o homem, e Cristo, se dão pelas suas noivas – futuras esposas-, as cuidam, as amam, e as noivas (a mulher e a Igreja) obedecem seus noivos –futuros maridos- em submissão e amor. Ainda sobre o Novo Testamento, é curioso notar que se diz que a Igreja é a noiva de Cristo. Eles ainda não casaram, por assim dizer. A consumação deste casamento se dará nos Novos Céus e Nova Terra completos, depois do Juízo Final. Então, naquele dia glorioso, teremos a plenitude dos benefícios dessa aliança, o regozijo eterno e profundo com Deus.

Da mesma maneira, o Casamento é a Aliança pela qual se pode obter a plenitude das bênçãos estabelecidas para o relacionamento conjugal entre homem e mulher. E o sexo é uma delas, pois é o ápice da intimidade física, reflexo do ápice da intimidade que teremos com Deus no mundo vindouro, onde ele será tudo em todos (1 Co 15.28). No Casamento é onde se cria uma família (Gn 1.28), uma aliança se forma, ali se fundamenta todas as responsabilidades de um homem para com a mulher e vice-versa. É no Casamento que se tem a totalidade da intimidade com a outra pessoa, de modo que são uma só carne (Gn 2.24). Num namoro não se deve ter essa intimidade, tampouco no Noivado, pois é reservado àqueles que se uniram de modo análogo a União de Deus e Seu Povo que se consumará no fim dos tempos. Um namoro pode acabar, assim como um Noivado, mas o Casamento de um homem e uma mulher tem que ser igual ao Casamento de Deus e Seu Povo, que será indissolúvel e eterno. Assim, o sexo, a maior intimidade para com o outro só é possível com a maior das Alianças, o Casamento, entre um homem e uma mulher, tal qual será a intimidade entre Deus e Seu Povo no Casamento glorioso que há de vir.

Há quem diga, então, que o sexo é o selo do Casamento, ou mesmo o próprio Casamento. Dizem que “cerimônias religiosas” não contemplam os episódios bíblicos tampouco os mandamentos que concernem ao Casamento e sexo; que é uma invenção humana. Assim, estariam desimpedidos de terem relações sexuais sem a necessidade de formar isso em um papel ou coisa do gênero. Entretanto, esse tipo de visão traz problemas horríveis, vejamos:

1.       Se sexo fosse selo do Casamento, aquela primeira pessoa que alguém teve relações sexuais quando mais nova, de maneira imprudente e impensada, seria seu cônjuge. Assim, todo e qualquer relacionamento que se teria depois era nada mais do que adultério ferrenho e indiscriminado;
2.       Se sexo fosse Casamento, o pecado de fornicação seria inexistente. Se quisessem verter fornicação em adultério, concordando com o ponto 1, ainda assim teria problemas visto que em passagens como 1 Co 6, faz-se uma distinção entre fornicadores e adúlteros.
3.       Se sexo fosse selo de Casamento, casais que se unissem, mas não podem praticar o ato sexual (seja por alguma doença, acidente que debilitou, ou qualquer variável do gênero) não seriam casados de verdade, visto que o sexo é o selo necessário.

Isso, entre vários outros motivos, mostram que não somente a Aliança é diferente do sexo em si, mas que é a Aliança que faz o Casamento, não o sexo. Seria complicado pra alguém defender que não se pode fazer a aliança do Casamento sem que se pratique o ato sexual. Tanto que não poderia se dizer que um casal de idosos não são casados pela falta de sexo, mostrando que há algo que os mantém casados que não se define por sexo.

E, considerando as considerações anteriores, vimos que a intimidade completa se dá com uma aliança completa; assim como teremos nossa união e intimidade máxima com Deus no Casamento no mundo vindouro, a intimidade máxima, a saber, o sexo, entre homem e mulher se dá no Casamento, que é a Aliança análoga à Aliança que Deus faz conosco, Seu Povo.


Marcel Cintra

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