sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O ministério tríplice de Jesus e seu contraponto



        Lá estava eu, em uma aula de Ética na UnB, não querendo prestar muita atenção na aula (olha que testemunho edificante!) e resolvo pensar no que João Calvino chamava de ministério tríplice de Jesus: rei, sacerdote e profeta. Esses ministérios são, no Antigo Testamento, essenciais para o povo de Deus obedecer-lhe idealmente. É necessário um rei teocrático para governar a vida da nação e administrar a justiça como Deus deseja. É necessário haver sacerdotes para ministrar ao povo a graça de Deus relativa à purificação dos pecados. E é necessário haver profetas para proclamar as palavras de Deus ao rei e ao povo, ensinando-lhes e corrigindo-lhes as falhas. Esse é o povo ideal para Deus.

        Não sendo esses ministros capazes de cumprir esse ideal, havendo corrupção material e espiritual por parte dos reis, dos sacerdotes e dos profetas, Deus envia o seu Filho, Jesus Cristo, para convergir em si essas três funções e executá-las com perfeição e supremacia. Jesus Cristo é o verdadeiro rei, governando toda a criação de Deus no trono dos céus, regendo o curso do universo, destruindo os seus inimigos e zelando pelos seus irmãos. Ele é o verdadeiro sacerdote prefigurado por Melquisedeque, intercedendo pelos nossos pecados diante do Pai e provendo-nos a purificação interior para a santidade, sendo o mediador da nossa salvação. E ele é o verdadeiro profeta, ensinando-nos os caminhos de Deus continuamente por meio do Espírito Santo e anunciando o reino de Deus com clareza e sabedoria máximas. Nosso ministro tríplice provê a nós, o seu povo, tudo o que necessitamos para cumprir a vontade do Pai e pertencer a ele.

        A partir daí, comecei a pensar um pouco mais. Lembrei que na carta aos hebreus, Jesus é descrito não só como o perfeito sacerdote, mas também como o perfeito sacrifício. O sacrifício é o objeto direto da atuação sacerdotal. Então, perguntei-me “E quanto aos outros ministérios, Cristo também não realizaria o seu contraponto?”. No ministério de rei, o contraponto é o servo. Jesus veio, como ele disse, para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. O rei do universo tornou-se um homem servil, que passava o seu tempo curando pessoas, alimentando famintos e vivendo em função do seu ato mais servil, o seu sacrifício. Seu exemplo para os discípulos foi lavar-lhes os pés, ensinando-os a serem escravos. Diante de Pilatos, Jesus não reivindicou ser o novo César, mas apenas disse “o meu reino não é deste mundo”. Bem, o ponto do rei é simples de ver; o do profeta foi mais difícil. O contraponto do ministério do profeta é a palavra que ele profere. Seguindo o raciocínio, Jesus seria também, além de profeta, a palavra. Podemos entender que Jesus é o cumprimento da palavra dos profetas antigos, e a própria palavra de Deus enviada em forma humana. Jesus não apenas falou sobre o Pai, mas ele revelou o Pai em sua pessoa, como disse a Filipe “Quem vê a mim vê o Pai”. Vemos assim como Jesus convergiu em si a totalidade de todas as coisas: ele é rei e servo, sacerdote e sacrifício, profeta e palavra.

         Minha próxima pergunta para mim mesmo (porque debater comigo mesmo é bem gratificante, eu e minha pessoa nunca discordamos) foi “De que forma Jesus pode cumprir um ministério e seu contraponto, se isso parece contraditório?”. E respondi: ele atuou de forma diferente na terra e no céu. Jesus, como o Deus da criação, é rei, sacerdote e profeta. Tais ministérios são exercidos no céu. É do céu que Jesus reina, assentado à destra do Pai. É do céu que ele propicia a graça; como diz a carta aos hebreus, nosso sumossacerdote adentrou o tabernáculo celestial. E é do céu que ele envia o Espírito Santo para orientar-nos segundo a vontade dele. Mas foi na terra que ele atuou como servo, submetendo-se às limitações humanas, à cultura defeituosa de um determinado tempo e espaço, a governantes humanos e até mesmo aos mais marginalizados – ele foi o escravo dos escravos. Na terra, ele foi o sacrifício único e definitivo, pois somente como homem poderia ele morrer, e somente vivendo uma vida humana perfeita poderia ele ser o sacrifício de absoluta pureza e eficácia para os homens. Também na terra ele foi a palavra, pois os profetas predisseram um Messias humano, e somente como homem Jesus poderia tornar Deus tangível aos sentidos humanos e ser, nesse sentido, a revelação do Altíssimo aos homens.

        Minha última pergunta foi “Que implicações o seu exercício na terra nesses papéis traz para o seu povo?”. Bem, sua vida servil nos ensina a sermos servos uns dos outros, o que ele ensinou lavando os pés dos discípulos, dizendo que “Neste mundo, os governantes são os que exercem poder sobre os outros e são chamados senhores; entre vocês, será o contrário, pois o maior de vocês deverá ser o escravo de todos” e em várias outras ocasiões. O livro dos Atos e as epístolas ensinam-nos sobre como a Igreja vivia em serviço mútuo. A carta aos filipenses cita o exemplo de Cristo para ensinar a humildade. Além disso, seu sacrifício ensina-nos a vivermos como sacrifícios vivos e agradáveis a Deus, como diz Romanos 12. Jesus nos ensinou a negarmos a nós mesmos e tomarmos nossa cruz. Ser sacrifício significa consagração e pureza, pois Deus não se agrada de sacrifícios defeituosos (e a graça de Jesus, o perfeito sacrifício, cobre nossos eventuais defeitos). Santidade é o conceito-chave para sermos sacrifícios vivos a Deus. Por último, Jesus como palavra ensina-nos e capacita-nos a sermos “palavrinhas” de Deus, para que assumamos o caráter divino e o revelemos ao mundo. Como disse Gregório de Nazianzo, Deus se tornou homem para que o homem se tornasse Deus.

        E minha nota de rodapé foi “Se podemos, como humanos mortais, cumprir o que o Jesus humano cumpriu, não podemos também cumprir o seu ministério celestial em face da posse da vida eterna?”. Sim, mas não hoje. A Igreja é chamada por Pedro do que Israel é chamado por Deus: um reino de sacerdotes. O Apocalipse coloca os crentes do reino messiânico como reis com Cristo, como sacerdotes diante do mundo e como seus profetas, testemunhas de Deus. Como isso ocorrerá, é um mistério, mas temos essa esperança. Ela inicia na terra, de forma imperfeita, mas será perfeitamente cumprida quando o Rei dos reis voltar.

        Aí eu voltei a prestar atenção na aula.
(Desculpem-me pela falta de referências, é que eu estou na UnB no bloco do BSA, onde não tem internet para eu consultar o Bíblia online)

André Duarte

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Lembre-se de quem você é...



            Eu sempre achei que O Rei Leão era um ótimo filme para ser analisado à luz da Bíblia. Mas, ele é bem difícil. Por um lado, a realeza do Simba não tem como lembrar outra coisa a não ser Jesus. Por outro, não tem como imaginar Jesus vivendo um Hakuna Matata. Como conciliar os dois conceitos biblicamente? Há algum personagem bíblico e messiânico que é pecador flagrante e rei maravilhoso?

            Sim, há. Para achá-lo, tive de recorrer à teologia peculiar de Isaías. Isaías fala de um personagem chamado “o servo do Senhor”. E o profeta entoa quatro cânticos sobre esse servo, nas seguintes referências: 42:1-7; 49:1-7; 50:4-11; 52:13-53:12. Esses cânticos colocam o servo do Senhor com responsabilidades e glorificação idealizadas. Ele é nominalmente identificado como Israel. Isaías estava profetizando sobre o cumprimento do propósito para o qual Israel foi resgatado, visto que tal propósito seria fracassado devido ao pecado persistente que resultaria na punição com o exílio. Quando Deus chamou Israel do Egito, disse-lhes que seria uma nação de sacerdotes (Êxodo 19:6), iluminando o mundo com a adoração ao Senhor (Deuteronômio 4:6-8). Entretanto, Israel rebelou-se contra Deus e desonrou o seu nome.

            Esse face do servo do Senhor é condizente com a Bíblia e com o Simba até a sua época de Hakuna Matata. Ele foi ensinado por Mufasa desde criança a tomar a responsabilidade de ser o rei da terra com sabedoria. Entretanto, Mufasa morreu e Simba teve de fugir do Scar, assassino e usurpador. Em seu exílio, Simba aprendeu a viver como um antinomista, vivendo como bem entende e pensando só em si mesmo, fugindo do propósito dado pelo seu progenitor. Israel fez o mesmo com o seu Criador: ouviu e aprendeu sobre a própria missão, mas desviou-se dela e viveu apenas para si mesmo.

            Já que estamos falando de Isaías, creio que ele é comparável ao Rafiki do filme. Rafiki foi atrás do Simba irresponsável e foi lembrá-lo do seu pai. Não apenas isso, mas ele proporcionou a conversa entre Simba e o Mufasa celestial e glorioso [amém]. Isaías faz o mesmo para o Israel rebelde: profere para a nação as palavras de Deus, lembrando-os de quem eles são e sendo o elo entre os ouvintes e o Senhor. Isaías mostra para a nação quem é o verdadeiro servo do Senhor: Israel, sim, mas não este Israel perdido, mas o Israel perfeito vindouro.

            O Israel idealizado colocado nos cânticos é o servo obediente, que é totalmente submisso à vontade de Deus, proferirá o seu louvor para todo o mundo, sofrerá como substituto pelos pecadores e será restaurado à posição de maior honra na terra. O Israel do qual Isaías fala é Jesus. Foi o homem israelita Jesus quem cumpriu perfeitamente o propósito de toda a nação. Há várias passagens no Novo Testamento que citam os cânticos do servo ligando-os a Jesus. Foi Cristo quem viveu em perfeita obediência, completa servidão e foi coroado com suprema autoridade. No filme O Rei Leão, o personagem Simba une em si a figura bifacial do servo do Senhor: o pecador e o perfeito. Ele foi o Israel pecador até o chamado de Mufasa das nuvens, e foi o Israel messiânico quando voltou ao seu reino para reconquistá-lo mediante luta. Talvez toda a vida dividida do Simba pode ser sintetizada em um único momento de Jesus Cristo, os únicos minutos em que o Senhor foi o perfeito servo e o máximo do horror: quando foi pendurado na cruz, tornando-se oferta pelo pecado e maldição no nosso lugar. Jesus Cristo nunca pecou, mas tornou-se o substituto dos pecadores; nisso ele difere de Simba. Mas a figura mística do servo do Senhor em Isaías pode ser unida em Simba, considerando que, em cada parte da vida de Simba, ela representa o cumprimento de um dos aspectos do servo.

            Quando Simba derrota Scar, ele sobre na Pedra do Rei e começa a reinar. Tal momento lembra a ressurreição de Jesus, quando ele declarou a sua vitória sobre a morte e o pecado, elevou-se ao céu e assentou-se à direita do Pai. Quando Simba subiu na rocha, lá estava a voz de Mufasa sancionando o seu reino. Simba é a concretização sintética da figura abstrata do servo do Senhor. Um excelente personagem para a compreensão hermenêutica sobre quem é Israel e quem é Jesus aos olhos de Isaías.

André Duarte

domingo, 18 de novembro de 2012

Take the red pill...



       Vamos agora falar um pouco do evangelho em Matrix. (O próximo será sobre O Rei Leão.) O post será apenas considerando o primeiro filme. Os outros têm filosofias [calvinistas] complementares bem legais, mas não estão nos meus propósitos no blog. Em primeiro lugar, tive um pouco de dificuldade em identificar quem seria o Morpheus bíblico. Às vezes, ele age como João Batista, preparando o caminho para o Escolhido; em outras, ele age como o Pai, provendo orientação para o Libertador. Mas, o resto do filme é bem claro.

        Primeiro, o que é a Matrix? Morpheus explica que é uma ilusão que serve como sistema de controle tanto para escravizar quanto para obscurecer essa escravidão. Matrix é o domínio do pecado. A humanidade é cativa do sistema de rebelião contra a verdade. Como diz João, o mentiroso é quem nega que Jesus é o Cristo (1Jo 2:22). Os humanos trocaram o Deus verdadeiro por suas próprias invenções idólatras e tornaram-se escravos desse sistema. Um escravo jamais pode se libertar sozinho. Ele precisa do pagamento de alguém de fora. É por isso que, no filme, todas as pessoas libertas do sistema só o foram mediante ajuda externa.

        Um dos discursos mais cristãos do Morpheus é o que ele faz quando ele e o Neo estão no simulador da moça de vestido vermelho. Morpheus diz que muitas pessoas são tão dependentes do sistema que vão lutar para protegê-lo. Assim ocorre com os rebeldes contra Deus. Eles não apenas não conseguem adorar o Senhor, eles nem mesmo podem querer isso; eles amam a escravidão do pecado. João diz que “amaram as trevas, e não a luz” (Jo 3:19). A escravidão é, como diz Morpheus, uma “prisão para a sua mente”. Não apenas as ações das pessoas estão condicionadas pelo pecado, mas sim seus pensamentos e suas vontades. Por isso Morpheus diz que “não é possível que alguém ouça e entenda o que é a Matrix; ela precisa ver por si mesma”. Quando Deus se revela no coração de uma pessoa, restaurando o entendimento dela, só então ela compreende a realidade da libertação.

        Matrix não é um sistema vencedor. Afinal, o Oráculo profetizou a vinda daquele que destruiria a Matrix, libertaria a humanidade e daria um fim à guerra a que os libertos estão sujeitos. O Oráculo fez o papel dos profetas que anunciaram a salvação no Messias que daria fim ao pecado, à injustiça e ao jugo. Chama a atenção a forma como o Morpheus descreve a missão do Escolhido e daqueles que já foram libertos com relação aos ainda escravos: “As mesmas pessoas que estamos tentando salvar são nossas inimigas até que as salvemos”. Temos de reconhecer que nossa aliança está com Deus e sua Igreja e não tomamos parte em um jugo desigual com descrentes. Entretanto, são os descrentes que tentamos libertar. Nossa missão continua a missão do Messias que libertou os primeiros discípulos.

        Quanto aos agentes, poderíamos compará-los a Satanás. Como diz o Morpheus, qualquer pessoa é um agente em potencial. Qualquer pessoa sob a escravidão do pecado é um porta-voz de Satanás e um instrumento para atacar a Igreja. Quando Pedro tentou impedir Jesus de seguir o caminho da cruz, Cristo repreendeu Satanás, que estava manifestando sua vontade nas palavras de Pedro. Falsos mestres que tentam destruir a sã doutrina na Igreja são também agentes do diabo. O programa de cada agente, como Smith, é um programa específico, como Satanás é uma personalidade específica, mas a manifestação deles é impessoal, pois pode se dar através de qualquer pessoa escravizada. Nenhum liberto pode derrotar os agentes, a não ser pelo Escolhido. Neo é o único que tem poder para destruir os agentes que protegem a Matrix. Quando o agentes do sistema forem destruídos, o sistema ruirá. Jesus também foi eleito por Deus para “desfazer as obras do diabo” (1Jo 3:8) e “converter as pessoas do poder de Satanás para Deus” (At 26:18). A vitória de Jesus sobre Satanás só foi possível através de sua morte – assim como Neo também precisou morrer para ressuscitar com os poderes do Escolhido e destruir Smith. Em sua morte, Jesus venceu o poder do diabo (Hb 2:14,15) – “Ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte”. Jesus, em sua ressurreição, sentou-se à direita do Pai para esmagar os seus inimigos (Sl 110:1).

        Neo pôde vencer Smith porque, de acordo com o Morpheus, “a velocidade e a força deles estão baseadas em um mundo feito de regras; por isso, nunca poderão ser tão rápidos e fortes quanto você”. Satanás tem um domínio limitado, pois ele precisa jogar de acordo com os limites intrínsecos de sua natureza – afinal, ele é apenas criatura, e o verdadeiro poder é o de Deus. E o poder de Deus é ilimitado, pois o Senhor é onipotente e infinito. O diabo jamais poderia vencer Deus – e também não poderia vencer Jesus, o Eleito, pois Jesus, ao ressuscitar, obteve de volta todos os seus poderes divinos que havia posto de lado. Jesus, sendo Deus e reinando sobre o mundo, é vencedor sobre Satanás, pois sua divindade não tem limites. O reino do Messias é supremo e jamais terá fim, como disse Daniel.

        Será apenas coincidência que a cidade livre do filme se chama Zion, que é Sião? O monte Sião é o monte do templo, é o pico alto onde está a cidade de Jerusalém. E, em toda a Bíblia, Sião é um símbolo da plenitude do reino divino em seus adoradores. Lemos em Hebreus 12:22 que chegamos ao monte Sião, a cidade dos milhares de anjos e da Igreja redimida, a Nova Jerusalém do Apocalipse, a Noiva do Cordeiro. Sião é a cidade dos libertos no filme e na Bíblia. Entretanto, vemos no filme que a libertação ainda é um ponto que está no meio de extremos. Aqueles que foram libertos da Matrix ainda precisam lutar contra as máquinas, que detêm o poder sobre o sistema. O Escolhido não apenas deve libertar pessoas e destruir o sistema, mas deve também destruir as máquinas para dar fim à guerra. Assim é a vida cristã, o período do “já/ainda não”. Já fomos libertos do pecado, mas ainda não somos glorificados. Já fomos salvos do mundo, mas ainda não retirados do mundo. Essa tensão é perigosa para aqueles cuja mente ainda se apega ao sistema antigo. Se Cypher tivesse lido a carta aos hebreus, talvez não tivesse apostatado. Cypher é um exemplo de crente de Hebreus 6 – um que provou todos os benefícios da verdade e da liberdade do sistema, mas ainda é mentalmente escravo dele. Ele se deixou levar pelos prazeres efêmeros da Matrix – o conforto, os bons restaurantes, o entretenimento, o dinheiro. A realidade de Sião é de pessoas pobres, vestidas em trapos, alimentando-se de complexos de nutrientes sem sabor. Nem todas as mentes estão preparadas para isso. A vida cristã é apartada dos prazeres pecaminosos do mundo e deve resistir à sedução através do amor à verdade. Somos peregrinos neste mundo de Matrix. Nossa cidadania está em Sião.

        Mas a Sião miserável do presente ainda tem “Cristo em nós, a esperança da glória” (Cl 1:27, Rm 8). Quando o nosso Messias vier em poder, destruirá as máquinas e os agentes, estabelecerá a completa paz e glorificará a sua Igreja. Então seremos a Jerusalém dourada e habitaremos no Éden novamente. As coisas antigas terão passado e tudo será renovado.

André Duarte

domingo, 11 de novembro de 2012

Senhor dos senhores ou senhores do Senhor?



Já ouviram um ditado popular que diz que intimidade é uma inconveniência (na verdade é outra coisa, mas “inconveniência” soa algo mais educado *feel like a sir*)? Pois é assim que eu acredito que Deus se sinta com a Igreja Contemporânea. Nesse texto irei discorrer sobre a soberania, o senhorio, a autoridade, o poder (bem acho que vocês já entenderam) de Deus, e a postura humilde que nós deveríamos ter perante Deus, tudo isso dentro um enfoque crítico à postura de líderes e suas respectivas massas quanto esses assuntos.

Não é difícil nos dias de hoje observar esta atitude herética: alguém dando ordens, ou demandando coisas de Deus. Então gostaria de realizar aqui duas situações: primeiro uma relação entre pais e filhos e a outra uma relação entre patrão e empregado (só porque é algo mais palpável, mas é muito branda ao comparar a relação entre um senhor e seu escravo, mas no meu caso irá servir). Primeiro, você é uma criança e está passeando com seu pai no shopping, e, de repente, você nota aquele carrinho de controle remoto super fera que tem n-velocidades. Por acaso você iria dirigir a palavra a seu pai da seguinte forma: “pai, eu ordeno, eu determino que você me dê aquele carrinho.”? Eu acredito que não, porque primeiro, pra qualquer pai, você teria reduzido todas as chances de conseguir o carrinho a zero, segundo porque você iria tomar aquela bronca homérica, se não, o que seria o meu caso, se eu falasse de tal forma pra minha mãe, tomava um na boca a ponto de dar duas voltas no ar antes de cair e ficaria traumatizado pro resto da vida e toda vez visse um carrinho de controle remoto na rua eu desmaiaria (amo minha mãezinha, só usei isso como um tom de humor, mas sim ela faria isso e amo por conta disso, ela não foi uma mãe ausente e sempre demonstrou sua autoridade para comigo, mãe to no Resenha de Deus!!!). Segundo cenário: está você trabalhando na sua repartição sofrendo alguma forma de perseguição ou tendo que fazer mais tarefa do que realmente fora designado, e o chefe é seu amigo. Por algum acaso você iria pro seu chefe dessa maneira: “senhor, eu não admito essa situação na minha vida, eu não quero mais problemas, eu não aceito isso na minha vida, e eu determino que você faça alguma coisa”? Novamente acredito que não, unicamente porque você zela por seu emprego, pois sabe que assim a única coisa que você vai ganhar é uma bela demissão e com isso não a solução de um problema, mas criação de um novo.

Parece engraçado, e é, mas essas duas formas que eu usei para se dirigir ao seu pai ou ao seu patrão, são muito parecidas com as orações que andam sendo feitas por aqueles que se chamam cristãos, e aí a graça acaba e a realidade é triste. Explicando minhas ilustrações, não é só porque Jesus disse: “Já não vos chamo servos, (...) mas tenho-vos chamado amigos” (Jo. 15:15), que isso excluí a sua condição de servo, da mesma forma que não é só porque você é amigo do seu chefe que você pode ficar lhe ordenando coisas e/ou deixar de fazer seu trabalho, muito pelo contrário, é  você que tem que fazer o que Jesus te manda fazer, e é até condição para ser amigo Dele (Jo. 15:14), muitos gostam de citar de Jo. 15:15, mas nunca se lembram do versículo anterior. Muito menos numa relação parental, não é só porque nos foi dado o poder de “sermos feitos filhos de Deus” (Jo. 1.12) e “se somos filhos, somos herdeiros, herdeiros de Deus, co-herdeiros com Cristo” (Rm. 8:17), que podemos chegar barganhando com ou pedindo a ou muito menos mandando Deus fazer alguma coisa ou exigindo alguma “promessa”, e, sinceramente, vendo a forma como a Bíblia trata ao longo dela a relação entre pais e filhos, essa postura nasceu de uma secularização da Igreja, onde a influência e a irreverência de filhos rebeldes e desobedientes, conseguiu adentrar na Igreja alterando até nossa forma de lidar com o Pai, o que torna essa postura algo totalmente reprovável, nojento e diabólico.

Amado, se você tem essa postura eu te digo: ponha-se no seu lugar! Nós todos somos um bando de fracos, pecadores miseráveis, que rejeitamos, cuspimos e crucificamos o Filho daquele que nos amou primeiro, nós merecíamos uma morte que não só de corpo, mas de alma, no inferno debaixo da Ira e do Juízo do Todo-Poderoso e mesmo assim Seu Filho morreu por nossas vidas, e conseguiu, pelo preço de seu sangue, o perdão que nos purifica de toda iniqüidade. Dá próxima vez que você for se dirigir ao Nosso Senhor Jesus Cristo, lembre-se bem, de que você estará falando com Aquele que “Deus exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus e na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para Glória de Deus Pai” (Fp. 2:9-11), Aquele que “estejam absolutamente certos, pois, toda a casa de Israel, de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At. 2:36). Ele é Senhor sobre todas as coisas, como diz Paul Washer num de seus vídeos: “Não pense que eu sequer pedirei para você fazer de Jesus o Senhor da sua vida. Essa é a coisa mais absurda que eu poderia lhe pedir para fazer. Jesus é o Senhor da sua vida! Quer você O sirva ou não, você O bendiga ou não, O amaldiçoe, O odeie, O ame”. Entenda, meu amado, de uma vez o conceito de “temor a Deus” e “reverência”! Você deve reconhecer a soberania de Deus sobre sua vida.

O que fazer então, João? Humilhe-se, reconheça que você é pobre, cego e nu diante Dele, reconheça sua natureza pecadora. Leia a Bíblia, e veja o que ela diz sobre como se portar como cristão, e principalmente veja como Jesus se portou diante de Deus. Uma das palavras que resumiriam a vida de Cristo é humildade. Então seria bom começar “negando-se a si mesmo, tomando sua cruz e seguindo-O. Porquanto quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor causa de Cristo achá-la-á” (Mt. 16:24-25). De igual forma “tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fp. 2:5-9).

 Muito interessante o final, pois isso remete à postura de Jesus momentos antes de ser preso, analisemos: “Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível afasta de mim esse cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. E voltando-se para os discípulos, achou-os dormindo, (...pagou um sapo...). Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim esse cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque seus olhos estavam pesados. Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras.” (Mt. 26:36-44). Jesus estava com sua alma muito entristecida, angustiada, amargurada, a ponto de essa tristeza ser mortal, a ponto de “estar em tamanha agonia, orar mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc. 22:44), que segundo esse povo que estuda coisas na área da saúde, indica um quadro clínico de alto nível de estresse, a pessoa está estressada a tal ponto que o sangue fica com a mesma densidade do suor e difunde-se para as glândulas sudoríparas. Verdade ou não, Jesus estava muito mal. E mesmo com todos esses problemas (não era para menos, Ele estava carregando naquele momento nada mais, nada menos, que todos os pecados da humanidade), ele não acochambrou ou fugiu, muito menos deu ordens ao Pai. Não, em suas três, isso mesmo, três, orações ele pediu pra poder evitar o seu inevitável destino, contudo, sempre mantendo a vontade de Deus como foco. É difícil, eu sei que é difícil, você pode estar passando o momento que for, mas mantenha uma postura humilde e de reverência. Este é o exemplo que o próprio Jesus nos deixou.

Enfim, não quero me estender mais para não ficar exaustivo, mas saiba que se o Espírito de Deus te iluminou de alguma forma acerca deste assunto, já valeu pra mim. Se você entender o que é uma vida de humildade e servidão diante de Deus, debaixo unicamente da Sua vontade e negando as suas próprias vontades egocêntricas e limitadas a uma vida passageira, já valeu mais que uma vida inteira. Anseie pela ação do Espírito Santo em sua vida, para que seu coração não seja como o do tolo ao receber uma palavra que vai de encontro a ele, mas seja como o do sábio, que discerne a palavra que recebe e a usa para edificação. Um beijo e um abraço, e que Deus os abençoe.

João Renato

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os meninos... são todos burros...! - III



Seguindo com a análise de Pinóquio, vemos que ele foi libertado pela Fada para voltar ao seu pai. No caminho para casa, ele e o Grilo estão em perfeito acordo. O menino aprendeu a lição e está totalmente confiante. Será que ele já está sábio o bastante para ser um menino de verdade? Um erro bem sutil permeia suas falas.

Pinóquio está, em primeiro lugar, confiando em si mesmo. “Eu garanto, nada me impedirá”. O Grilo aprova sua fala. Esse estado de espírito representa um homem livrado pela graça de Deus, mas que se torna orgulhoso e desafiador. Ele se esqueceu de sua falibilidade, de que pecou quando confiou em si mesmo anteriormente. Pinóquio tornou-se um perfeito fariseu. Sua fé estava em si mesmo, e não em seu pai. Em nenhum momento de seu discurso de vitória ele menciona o amor ao seu pai e a sua submissão à vontade da Fada. Ele não pensa em se desculpar e se humilhar diante do pai que abandonou para ir ao teatro. Pinóquio não se arrependeu como fez o filho pródigo de Lucas 15. Ele demonstra pensar apenas em benefício próprio: “Quero ser inteligente, e não artista”. Deuteronômio 8 é uma ótima advertência contra a soberba que sucede a misericórdia. Em outras palavras, Pinóquio tornou-se um legalista. Seu coração de madeira ficou rígido como a pedra. E o que faz a sua consciência? Apenas lhe diz estar certo. A consciência de um legalista, enquanto ele está vivendo pelos seus padrões, enaltece sua bondade.

Mais uma vez, os malandros João Honesto e Gideão vão atrás do boneco com uma proposta ainda mais cruel e mentirosa. Propõem-no uma noite na Ilha dos Prazeres. Cheia de diversão, sem regras, totalmente anárquica. Só não contaram a ele que os meninos que vão à ilha transformam-se em burros. Para cada menino enganado, ganhariam ouro do tal Cocheiro. Pinóquio mostra resistência no princípio, diferentemente do que fez na primeira tentação. Ele é levado quase à força pelos tentadores. O Grilo, pra variar, estava longe. Onde está a divina consciência quando um máximo legalista é confrontado com a máxima tentação? No início, Pinóquio é levado contra a sua vontade. Entretanto, rapidamente ele aquiesce com o destino fatal.

Não é impressionante que, logo depois de ter aprendido com um pecado, o homem caia em pecado novamente. Todos os que confiam em si mesmos estão condenados a cair cada vez mais fundo. Entretanto, há uma diferença no tipo de tentação. Pinóquio passou, primeiro, por um estágio antinomista que lhe colocaria como um deus sobre o mundo, cheio de admiração e idolatria pública. Depois, transformou-se em um legalista. Quando caiu na tentação seguinte, sua mudança tornou-se ainda pior: um antinomista que é deus apenas de si mesmo, visto pelo mundo como escória. O pecado foi tão profundo que nem a máscara maravilhosa lhe cabe. A Ilha dos Prazeres consiste de prazeres desprezados até pelos mundanos, como beber e fumar à vontade, destruir coisas, espancamento. Tudo o que um bandido faria. O estado mental do pecador chegou ao ápice de sua perversidade. Ocorre-lhe o que disse Jesus em Lucas 11:24-26: “Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso e, não o encontrando, diz ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Quando chega, encontra a casa varrida e em ordem. Então, vai e traz outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro”.

Desta vez, nem a bronca do Grilo consegue convencer Pinóquio. O boneco tornou-se surdo e o Grilo o abandona, como ocorreu da última vez. E vem a consequência do pecado. A consequência seria irreversível por um triz. Todos os meninos viraram burros e foram vendidos. Por mais que implorassem a clemência do Cocheiro, não havia mais saída (maaan, crianças da década de 40 deviam ter um mega estômago pra aguentar essas cenas). Pinóquio começou a se transformar em burro, mas o Grilo voltou para avisá-lo. Foi quando o boneco deu ouvidos à sua consciência que sua transformação cessou. Conseguiu fugir da ilha antes que fosse tarde demais. Embora a Fada não interviesse neste ponto, a consciência foi suficiente para, pelo menos, livrar o Pinóquio do pior. É neste momento que o coração do boneco mudou para voltar ao seu pai de todo o coração.

Mas, não é assim com o homem. O homem jamais voltará ao seu Criador se o Espírito Santo não lhe chamar. O homem não mudará sozinho, nem com a ajuda de sua consciência, se a graça de Deus não efetuar essa mudança. Somente a graça de Deus pode destruir a fé que o homem tem em si mesmo. A causa da queda do boneco não foi simplesmente a transgressão, mas sim a confiança em si mesmo. Por isso, legalistas e antinomistas estão igualmente afastados de Deus. O legalismo não é apenas indesejável, mas foi o principal inimigo de Jesus quando esteve na terra; é o legalismo que faz a ponte para a queda pecaminosa potencialmente irreversível. Foi aos legalistas que Jesus disse que o pecado contra o Espírito Santo não tem perdão. Foi a legalistas que o autor de Hebreus disse, no capítulo 6, que aqueles que caíram da graça não podem ser restituídos. Legalismo e antinomismo não são opostos. São apenas faces da mesma moeda, a moeda do pecador condenado.

André Duarte

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lembra-se do que eu te disse sobre tentação? - II



            Pinóquio sai, no dia seguinte, para a escola. Supostamente, ao ir para a escola, ele aprenderia a ser um menino de verdade. Entretanto, no meio do caminho, ele é interrompido por dois sujeitos, João Honesto e Gideão. Tais nomes dão aparência de retidão e, por isso, são adornos adequados à natureza enganosa desses sujeitos. Quando Pinóquio é abordado por eles, o Grilo não está presente, ficou atrasado. Isso reflete o fato de que a atuação da consciência é tardia e, portanto, sua atuação é potencialmente fracassada. Primeiro, vem a tentação e o desejo pelo pecado, depois vem a consciência para apenas falhar.

            O que queriam os dois tentadores? Proveito próprio, em primeiro lugar, pois venderiam o boneco de madeira vivo para Strombolli, apresentador de shows de marionetes. O discurso para Pinóquio é mentiroso. Dizem eles que o boneco irá para o “caminho fácil para o sucesso”, o qual, como diria Jesus, leva à perdição e muitos entram nele. Esse tipo de tentação eleva o coração da criatura até o seu próprio céu, ativando o orgulho e o desejo pela superioridade. Foi o mesmo desejo que a serpente colocou no coração de Eva: “serás como Deus”. Esse largo caminho leva ao prestígio e à admiração pública, com todos os benefícios que apetecem a um coração autoidólatra. O boneco aceitou a proposta. E o que fez o Grilo? Apenas repetiu a regra para Pinóquio: não pode ir para o teatro, deve ir para a escola. A consciência primitiva é aliada da Lei. Ela conhece a Lei e usa a Lei contra o pecado, mas falha justamente porque o coração humano jamais pode se submeter à Lei. Pois a Lei é espiritual e o coração é carnal. Assim, Pinóquio abandona o Grilo, mesmo após ser lembrado da regra por ele.

            Devido à aquisição do objeto da vontade de Pinóquio, com todo o dinheiro, aplausos e sucesso, o Grilo o abandona, dizendo “Acho que ele não precisa mais de mim. Afinal, o que um ator vai querer com uma consciência?” Quando o pecado é consumado e cumpre as suas expectativas, a voz da consciência some. Como diz Paulo em Romanos 1, Deus colocou a humanidade numa disposição mental reprovável. Com o abandono da consciência, Pinóquio só pode contar consigo mesmo. Tal é o estado do homem dominado pelo pecado: já desprezou consciência divina sobre o certo e o errado e confia apenas em si mesmo. E então a ilusão de certidão é destruída pelas consequências reais e inevitáveis do pecado: Pinóquio é preso por Strombolli e toma conhecimento de que morrerá na fogueira após servir ao seu propósito. Assim são todos os escravos do pecado: fazer a vontade do diabo e depois serem jogados ao fogo. O transgressor provou do doce fruto proibido por um instante e, em seguida, foi amaldiçoado e expulso do paraíso, da vida eterna.

            Existe alguma esperança? Certamente que sim, mas não do próprio pecador. A figura do Pinóquio engaiolado é perfeita para descrever o estado do homem caído. Ele não pode fazer absolutamente nada para se salvar. Qualquer esforço será inútil. O auxílio precisa vir de fora. Quem estava fora? Em primeiro lugar, o próprio Geppetto, que sai em busca de seu filho, tal qual o pastor sai em busca de sua ovelha perdida (Lucas 15). A busca de Geppetto é um bom paralelo bíblico, mas o seu resultado não. Ele procura incansavelmente e não encontra Pinóquio, que é um desfecho diferente do que aprendemos na Bíblia. Entretanto, os outros significantes de Deus conseguem ajudar Pinóquio. O primeiro a encontrá-lo foi o Grilo. Ele preferiu ir se despedir do boneco, mas o descobriu preso. Ora, o Grilo é a consciência instituída e abençoada pela Fada Azul. Ele não pode ser derrotado apenas pela rebeldia do boneco. Assim é o homem pecador, que, por mais que se rebele contra Deus e se convença da certidão do seu pecado, jamais poderá sufocar completamente e eternamente a consciência divina, pois ele continua sendo imagem e semelhança do seu Criador. Entretanto, por mais que o Grilo se preocupasse, nada poderia fazer para libertar Pinóquio, mas apenas para servir-lhe de ensino, como o guardião da Lei. Da mesma forma, a consciência divina, por mais que lhe seja dada importância, é inoperante para a redenção. Como Paulo coloca em Romanos 2 e 3, o conhecimento da Lei e da vontade de Deus apenas ressaltou e esclareceu a transgressão, mas não regenerou o transgressor. Pinóquio chega ao entendimento do seu pecado ao conversar com o Grilo, mas continua preso.

            A ajuda espiritual eficaz para a libertação vem com a intervenção da Fada Azul. Embora o grande ícone de Pinóquio seja o seu nariz que cresce a cada vez que mente, não creio que seja possível ao pecador confrontado pelo próprio Espírito Santo mentir a ele depois de ter concordado com a consciência e antes que cumpra o seu destino de ser salvo. Aqueles que mentem ao Espírito Santo, como Ananias e Safira (Atos 5), jamais se importaram com a sua consciência, e o seu destino é a destruição. Todos os personagens bíblicos que se encontraram com uma tremenda visão de Deus ficaram tão pasmos que só conseguiam se ajoelhar e adorá-lo. Que pena dar esse tratamento desprezível à cena mais famosa do personagem :P. De qualquer forma, o papel da Fada é fazer o impossível. Ela abre a gaiola e liberta Pinóquio. Diz ela que essa é a última vez que o ajudaria. Na verdade, não foi a última, pois ela também revelou ao boneco sobre o paradeiro de Geppetto, cena mais posterior do filme. Creio que ela disse isso apenas para que o boneco não fosse leviano em suas próximas provações. Assim é com Deus, que não aceita ser zombado e não pode ser controlado. O ponto é que a Fada libertou Pinóquio de uma forma sobrenatural, mudando o curso estabelecido pelo dominador da história, Strombolli. Com a graça soberana da Fada, Pinóquio está livre para tentar de novo.
            To be continued.

André Duarte

domingo, 4 de novembro de 2012

Apresentação: Luiz



Eu sou o Luiz Filipe Rosa, tenho 20 anos, hoje (31/10/12). Graduando do curso de Educação Física na Universidade de Brasília (UnB), trabalho como estagiário na academia A!Bodytech e aspirante a missionário.
Então, espero poder trazer aqui no blog reflexões e experiências vividas por mim nessa busca por conhecer melhor a Deus, sua Palavra, seu amor, etc...
Como disse na última frase do primeiro parágrafo, sou aspirante a missionário, e se for da vontade de Deus, em alguns anos largarei tudo e irei para o campo fazer Sua vontade. Já estive no campo em 2011/2012, onde fiquei por 6 meses no Sudeste da Tailândia, vivendo com missionários sul-coreanos, onde pude conhecer melhor sobre missões, sobre missionários, além de ter momentos maravilhosos com Deus de uma forma completamente diferente.
Voltando ao blog... pretendo poder ajudar aqueles que estarão lendo o blog, e aqueles que buscam a cada dia morrer para si mesmo e viver para Cristo. Pois acho que a vida é algo muito frágil e fácil de se perder, e que uma pessoa tem que ser muito besta de perder seu tempo querendo/lutando/gastando suas forças naquilo que é desse mundo. Minha visão de evangelho segue essa corrente, e a cada dia vejo as igrejas atuais se afastando a cada dia mais daquilo que Deus nos deixa como mandamento, Mc 16:15 “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a TODA criatura”.
A Resenha é assim, onde dois ou mais estiverem resenhando, a Resenha estará lá. A Resenha pode acontecer em todo lugar, só depende de uma coisa, saber resenhar.
Que Deus abençoe a todos, e que todos possam um dia conhecer a Verdade, e conhecer a liberdade que só existe Nele. Um grande beijo e abraço.
Essa é a Resenha, esse é meu clube. Resenha é inteligente, é ilimitado, é direto, e pode ser pra você. Bem vindo ao clube ou melhor a Resenha.

Luiz Filipe